Ao declarar que só entrega as imagens dos atos do 8 de janeiro se o Supremo Tribunal Federal assim determinar, ministro da Justiça – que virou uma espécie de líder do STF na Política – diminui o poder de senadores e deputados federais da CPMI que investiga os atos terroristas, além de levantar suspeitas sobre o conteúdo gravado durante a invasão à sede dos Três Poderes
Análise da Notícia
Investido em um poder quase absoluto no Ministério da Justiça, o maranhense Flávio Dino (PSB) vai atropelando a tudo e a todos em Brasília, exacerbando um viés de autoritarismo na capital federal.
As vítimas da vez são deputados e senadores que compõem a CPMI do 8 de Janeiro, que Dino humilhou nesta quarta-feira, 2, ao dizer que só entrega as imagens das invasões do dia 8 de janeiro se o Supremo Tribunal Federal assim o ordenar.
Além de diminuir seus próprios colegas de Parlamento, Flávio Dino expõe, ele próprio, mais suspeitas sobre o conteúdo das gravações, que, ele diz nada ter de especial.
– Eu espero que o Supremo autorize, mas não sou eu que vou descumprir a lei para atender a pressão ou chantagem de gente delirante, que acha que tem uma imagem minha aqui reunido, tramando a invasão do Congresso. O Supremo autorizando, eu entrego no mesmo dia – afirmou Dino, em entrevista à revista Carta Capital. (Saiba mais aqui)
O ministro da Justiça atua hoje como uma espécie de “líder do STF na Política”.
É muito próximo do ministro Gilmar Mendes, e nos últimos meses fez dobradinha em vários temas com o ministro Alexandre de Morais, além de dividir holofotes políticos com o ministro Roberto Barroso.
Político por excelência, o ex-comunista maranhense já percebeu que o caminho não é pelo Congresso ou no Governo, mas no STF. E ele nem precisa virar membro da Corte Suprema; tem poder para indicar o substituto de Rosa Weber e consegue até formar “bancada” no Pleno.
Seus movimentos no Judiciário incluem também aparelhar os tribunais com ex-sócios e ex-alunos, como já mostrou o blog Marco Aurélio d’Eça, no post “Confraria de Flávio Dino busca vaga em diversos tribunais…”
Ao humilhar parlamentares pondo o STF acima deles, sabe o que pode esperar de eventual decisão que venha a sair da Corte.