Aliados do ex-governador comunista entendem que o atual ocupante do Palácio dos Leões estabeleceu o marco zero do rompimento; e já falam até em entregar os cargos no governo
O duro discurso do governador Carlos Brandão (PSB), neste sábado, 30, provocou uma reação em cadeia por parte dos aliados do ex-governador Flávio Dino, que viram um declaração de guerra; para deputados federais, estaduais e outras lideranças, “o governador estabeleceu o marco zero do rompimento”.
- durante a inauguração de uma avenida em São Luís, Brandão afirmou que teve “até gastrite” ao ver os índices de miséria do Maranhão quando assumiu o mandato;
- segundo ele, seu governo teve que criar diversos programas sociais e de geração de emprego e renda para melhorar os indicadores sociais que lhe davam gastura.
Vi o discurso como uma espécie de marco zero. Aliás, fui o primeiro a ver. Eu avisei todo mundo desde cedo. É declaração de guerra. Acredito que em breve alguns secretários do próprio Brandao peçam exoneração. É mais um erro… esse o maior já cometido”, declarou o deputado estadual Carlos Lula (PSB).
Mas não foi apenas ele.
Também se manifestaram os deputados Othelino Neto (Solidariedade), Rodrigo Lago (PCdoB) e o presidente estadual do PCdoB, deputado federal Márcio Jerry, um dos mais próximos do agora ministro do Supremo Tribunal Federal Flávio Dino.
Acho que foi um marco zero sim. Diante do que se conhece de Brandão, resta saber se foi proposital ou um improviso que acabou mal”, avaliou Othelino Neto.
Fala no mínimo esquisita de quem foi eleito governador precisamente por causa dos êxitos do Flávio Dino, que ergueu ações concretas e eficazes de superação dos indicadores herdados de décadas de desacertos”, disse Jerry.
- com posição estratégica na guerra entre dinistas e brandonistas, o vice-governador Felipe Camarão (PT) contemporizou a fala de Brandão, que ele ainda vê como “único que pode liderar a reunião do grupo”;
- do lado de Brandão, o chefe da casa Civil Sebastião Madeira também viu a fala apenas como um erro de interpretação: “Brandão falava de toda a história, não de um mandato específico”.
Nos bastidores, o clima entre dinistas e brandonistas, que já era ruim, ficou agora pior, com troca de acusações de lado a lado.
Desde o início da crise, um lado sempre forçou o outro a assumir primeiro o rompimento.
Com o discurso deste sábado, 30, coube a Brandão esse ônus da declaração de guerra…