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Era pós-Dino: Brandão parece sem oposição, mas também sem nome para sucedê-lo…

Este blog Marco Aurélio d’Eça inicia nesta segunda-feira, 4, uma série de comentários, análises e projeções sobre as consequências da aposentadoria política do ministro da Justiça – quem ganha e quem perde, novas lideranças que surgem ou ressurgem no cenário, dentre outras questões; a primeira análise mira o govenador, que tem as eleições de 2024 e a de 2026 para consolidar sua liderança e apontar para o próprio futuro

 

Brandão superou a fase em que era apenas um retrato nas mãos de Flávio Dino; mas precisa definir um rumo que lhe garanta futuro político na era pós-Dino

Documentário

“O governador Carlos Brandão (PSB) ficou absoluto no cenário”. Esta é a expressão usada por 10 entre 10 analistas ou lideranças políticas desde que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciou a indicação do ministro da Justiça Flávio Dino para o Supremo Tribunal Federal.

De fato, em um primeiro momento, o governador é a liderança que mais se beneficia da aposentadoria de Dino; ele passa a ser a grande força estadual, sem sombras, sem oposição consistente e com duas eleições para conduzir de forma a consolidar este poder.

Há um problema, porém.

Embora não tenha uma oposição ainda consistente – o senador Weverton Rocha (PDT), o ex-candidato governador Lahésio Bonfim (PSC) ou o prefeito de São Luís Eduardo Braide (PSD), precisam marcar posição – Brandão também não tem um nome consistente para sucedê-lo, a menos que já tenha aceitado entregar o mandato ao vice-governador Felipe Camarão (PT), principal herdeiro do dinismo.

Basta entender o recado do deputado federal Márcio Jerry ao jornal O Estado de S. Paulo, neste fim de semana:  – “não dá para sepultar o dinismo. A influência dele vai continuar super forte, viva e organizadora da política.”;  Jerry foi, por muito tempo, uma espécie de lugar-tenente e mentor do próprio Dino.

Há três correntes do brandonismo na era pós-Dino, cada uma com sua visão sobre o futuro político do grupo do governador.

A primeira tem como centro gravitacional os familiares do próprio Brandão – irmãos, primos, sobrinhos…- e defende uma ruptura total com o establishment, lançando um candidato próprio ao governo e elegendo não apenas o sucessor, mas também, senadores e vice em 2026.

Quem?!? a opção única deste campo é a presidente da Assembleia Legislativa, Iracema Vale (PSB), que ainda precisa ganhar estatura estadual

A segunda corrente é liderada pelo ex-governador José Reinaldo Tavares e influencia diretamente os corredores administrativos do Palácio dos Leões; para este grupo, Brandão deveria fechar aliança com o prefeito Eduardo Braide (PSD), indicar o vice – falam-se em Orleans Brandão (MDB) – e trabalhar pela eleição de Braide ao Governo em 2026, herdando a prefeitura e ainda elegendo ao menos um dos senadores.

Para isso, no entanto, também precisa permanecer no cargo; e também ficará sem mandato a partir de 2027.

A terceira corrente reúne não apenas familiares de sangue e amigos, mas a família do próprio governador – mulher e filhos; para estes, Brandão deve simplesmente manter o projeto inicial fechado com Flávio Dino, repassar o mandato a Felipe Camarão em 2026 e concorrer a uma das vagas ao Senado.

Garantiria, além do mandato em Brasília, a possibilidade de retorno ao poder em 2030, já que, nestas circunstâncias, Camarão só teria direito a mais um mandato.

Todas essas hipóteses são analisadas a partir do ponto de vista unilateral do brandonismo, sem, obviamente, combinar com os “russos” – ou a oposição, para ser mais preciso.

E também não leva em conta o surgimento de novas lideranças estaduais no pós-Dino.

O que é assunto para outros posts…