A Medalha dos 400 anos, distribuída ontem pela Assembleia Legislativa a personalidades que supostamente contribuíram com a cidade, exacerbou o que de mais quatrocentão, cafona, provinciano e demodè existe no pseudo high-society ludovicense.
A disputa de bastidores pela medalha lembrou as guerras de madames por espaços em colunas sociais dos anos 70 – algo tão ultrapassado quanto as festas com laquê em profusão.
Foi a “apresentadora” esquecida que puxou os cabelos por que viu o colega self-mad-men receber; ou o irmão-do-primo-da-cunhada-do-antigo-político que também queria exibir-se com a comenda.
Foi tanta pressão que, ao final das contas, as medalhas passaram das simbólicas quatrocentas.
A iniciativa da Assembleia se encerrou no lugar-comum.
Os distinguidos eram os mesmos de sempre, coma s raríssimas e honrosas exceções: filhos e filhas, pais, avôs e até bisavôs das castas já passadas da hora que dominaram a cidade e que não percebem que ela cresceu e que existem outros grupos – tão ou mais significativos que os quatrocentões de outrora.
Gente do mesmo Judiciário e da política de sempre; e um sem-números de desocupados que gravitam em torno destes círculos, como consultores, pesquisadores e outros tais.
Imperdoável o esquecimento do ex-presidente da Assembleia, Nagib Haickel, com bela história em São Luís, já lembrada neste blog.
Outro erro: a mídia – boa parte tão conservadora quanto a casta quatrocentona, e acostumada ao bajulismo – ignorou um dos mais importantes homenageados, o jornalista Décio Sá, cuja obra por São Luís suplanta pelo menos 90% dos “homenageados”.
Mas foi assim que se formou a alta sociedade de São Luís.
Um pequeno grupo que cresceu junto, se formou junto; filhos e filhas dos mesmos que mandavam desde o início do século e acostumaram-se a homenagens entre si, com medalhas, comendas e outras bobagens cafonas da Idade Média.
Este povo esquece que São Luís cresceu.
Hoje, a capital maranhense é formada por outras gentes, que pra cá vieram e prosperaram, independentemente das rodas sociais fechadas e laqueadas. E por outros tantos de proletarios que ascenderam profissionalmente e prosperaram pelo trabalho, construindo a própria história.
É este pessoal que hoje faz a roda da cidade girar, gerando empregos e construíndo desenvolvimento fora dos círculos cafonas das altas rodas medievais.
Enquanto as castas quatrocentonas se engalfinham às escondidas por medalhas…