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Polícia Federal: explicações a dar…

Delegados que comandaram a operação “Sermão aos Peixes” agiram como verdadeiros agentes políticos em defesa do governo Flávio Dino, criminalizando até a mídia que lhe faz oposição, numa atitude fora dos padrões republicanos defendidos pela própria instituição

Resposnáveis pela operação "Sermão aos Peixes": mais do que ação, posição política clara em relatório

Responsáveis pela operação “Sermão aos Peixes”: mais do que ação, posição política clara

Editorial

Mantido em sigilo pela própria Polícia Federal, o relatório da operação “Sermão aos Peixes”, que levou para a cadeia representantes de empresas prestadores de serviços à Secretaria de Saúde e donos do Instituto Cidadania e Natureza (ICN) – além de ouvir servidores da própria secretaria – acabou vazando para a imprensa.

E o que se extrai do documento, desde então, são  fatos e dados não tão republicanos quanto deveria ser a ação, sobretudo por estar vinculada à Procuradoria-Geral da República.

Desde segunda-feira, 23, partes do relatório têm sido divulgadas em blogs, rádios e jornais. E mostram que o raio de ação da operação poderia ter sido muito mais extenso do que divulgaram os delegados federais. Eles chegaram a afirmar não haver na investigação nada relacionado aos governos José Reinaldo Tavares (PSB) e Jackson Lago (PDT), e também no governo Flávio Dino (PCdoB).

Mas havia sim.

O que se vê nos relatórios é que membros do governo Jackson, como o ex-chefe da Casa Civil, Aderson Lago, e até o atual secretário de Saúde Marcos Pacheco, também foram investigados pela Polícia Federal, inclusive com interceptações telefônicas, os populares grampos.

Mesmo assim, nenhum deles foi arrolado na operação “Sermão aos Peixes”, que decidiu se prender a um único período, o de 2010 a 2013.

Trecho do rela´torio da Polícia Federal: tentativa de criminalização dos que fazem oposição a Dino

Trecho do relatório da Polícia Federal: tentativa de criminalizar quem faz oposição a Flávio Dino

Porque os responsáveis pela operação decidiram poupar estes investigados? ainda não se tem resposta.

Mas o relatório da própria Polícia Federal, agora tornado público, pode ser uma chave para entender a posição dos delegados. No documento, eles chegam a condenar opositores por tentarem “desestabilizar o atual governo”, como se a atividade política diária fosse uma ação criminosa.

O fato é que, diante dos documentos que vazaram a imprensa, a operação “Sermão aos Peixes” precisará encontrar seu eixo fundamental, para evitar que caia na vala comum de mais uma operação destinada a perseguir adversários dos que estão no poder.

E essa resposta só poderá vir da própria responsável pela operação, a Polícia Federal.

Gostem ou não os seus delegados…