Presidente nega tentativa de interferência na Polícia Federal, mas revela que foi acuado pelo ex-ministro da Justiça por indicação ao Supremo em troca da substituição do chefe da instituição; Ministério Público quer levar os dois às barras dos tribunais
Desfiando um rosário de queixumes, lamentações e mágoas, o presidente Jair Bolsonaro negou nesta sexta-feira, 24, que tenha tentado interferir nas investigações da Polícia Federal, como sugeriu pela manhã o ex-ministro da Justiça, Sérgio Moro, que pediu demissão.
Mas, ainda assim, o presidente admitiu que a autonomia dada ao ministro no início do governo foi a mesma dada a todos os demais auxiliares.
– Mas autonomia não significa soberania. Se eu não puder trocar um auxiliar diante do ministro eu deixarei de ser presidente – afirmou.
Negando que tenha usado o cargo para tentar submeter a Polícia Federal, Bolsonaro fez uma acusação direta ao seu ex-ministro, acusando-o de tentar trocar a substituição na PF pela indicação ao Supremo Tribunal Federal.
– Ele disse pra mim: você pode até trocar o diretor da PF, mas só em novembro, quando me indicar para o STF – acusou o presidente.
Pela manhã, Moro fez questão de afirmar que uma eventual indicação ao Supremo nunca fez parte da negociação para virar ministro de Bolsonaro.
Procuradoria pede investigação
Durante o pronunciamento de Bolsonaro, o procurador-geral da República Augusto Aras, pediu que o STF determine abertura de inquérito para apurar as acusações de Moro.
A PGR levanta suspeitas de crime de advocacia administrativa e falsidade ideológica por parte de Bolsonaro, segundo as acusações de Moro; mas põe o próprio Moro na berlinda ao levantar hipóteses de que suas denúncias sejam caluniosas.
O caso aumentou a crise institucional no governo e deve por Bolsonaro e Moro novamente frente à frente.
Desta vez, nas barras dos tribunais…
Esses dois pilantras se merecem, vão receber o castigo aqui mesmo, Moro vai passar o constrangimento de ser interrogado num tribunal, enquanto o patife do Bolsonaro ainda vai ter o dissabor de ver um filho seu preso.