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De como Brandão tenta criar canal de articulação própria com Lula…

Governador sabe que há lideranças no Maranhão bem mais próximas do presidente, como o senador Weverton Rocha, o deputado federal Márcio Jerry e o vice-governador Felipe Camarão; mas agora, sem o muro imposto pelo hoje ministro do STF Flávio Dino, iniciou um processo próprio para criar as condições de ser o interlocutor direto do petista com vistas à montagem da sucessão de 2026

 

Só nesta semana Brandão teve o seu primeiro encontro a sós com Lula; agora, quer criar as condições para ser a referência lulista no Maranhão

Análise da Notícia

Observadores políticos mais experientes viram no movimento midiático dos principais aliados do governador Carlos Brandão (PSB) – deputada Iracema Vale (PSB) à frente – uma clara tentativa de demarcar posição política do governador na relação com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Assunto que sempre coube à comunicação do próprio governo, o recente encontro entre Brandão e Lula, em Brasília, ganhou eco por intermédio da presidente da Assembleia, deputados estaduais e comentaristas políticos mais alinhados ao Palácio do Leões, como já havia destacado este blog Marco Aurélio d’Eça, no post “Iracema destaca primeiro encontro a sós de Brandão com Lula em Brasília…”.

Mas o que esta nova movimentação significa?

  • significa que Brandão já começou sua articulação com vistas à própria sucessão e quer ser, ele próprio – deixando ou não o governo em abril de 2026 – o principal interlocutor de Lula no estado;
  • significa também que o governador quer romper os muros que o separam do presidente para ter poder de influência na montagem da chapa que irá disputar as eleições gerais em 2026;
  • significa, mais ainda, que ele não pretende se afastar da base lulista, como pregam seus aliados – o que, na prática, seria suicídio político numa disputa ainda polarizada no país.

Sem histórico de ligação política com Lula e historicamente antagônico ao PT, Brandão sempre dependeu do agora ministro do Supremo Tribunal Federal Flávio Dino para chegar até o presidente; estes muros impostos por Dino foram mostrados por este blog Marco Aurélio d’Eça, sobretudo no o post “A guerra entre Flávio Dino e Sarney por Brandão em Brasília”.

O ministro da Justiça Flávio Dino (PSB) tem tentado desde o início do mandato construir um muro na relação entre o presidente Lula (PT) e o governador maranhense Carlos Brandão (PSB); Dino quer vender à classe política e à imprensa a ideia de que só ele é o caminho para Lula em Brasília. Mas Brandão tem buscado outro caminhos (…) é Sarney e seus aliados – e não Dino – quem tem aberto portas para o governador na capital federal – afirmou no post, de 14 de julho de 2023.

Com a aposentadoria política de Dino, todos no Maranhão igualaram-se em nível de influência, segundo o senador Weverton Rocha (PDT) pontuou, no post “‘Todo mundo no mesmo patamar’, disse Weverton sobre saída de Dino da política”.

Mas nessa relação de igualdade, Brandão ainda está em desvantagem na interlocução com Lula:

  • o próprio Weverton Rocha (PDT), por exemplo, tem relação histórica com o presidente e com o PT e uma espécie de dívida de gratidão de Lula, sobretudo pelo que houve nas eleições de 2022;
  • o deputado federal Márcio Jerry (PCdoB) é uma espécie de lugar-tenente de Flávio Dino e tem forte influência política nos partidos e relação histórica com os segmentos de esquerda em Brasília;
  • o vice-governador Felipe Camarão (PT) é naturalmente o candidato de Lula e dos dinistas à sucessão de Brandão, seja qual for a decisão do governador, de sair ou ficar no comando do governo.

Carlos Brandão acerta em buscar interlocução própria com Lula.

E acerta mais ainda em mostrar midiaticamente ao eleitor maranhense – via outros canais, uma vez que sua comunicação não raciocina pela lógica da formação de opinião – que é o principal líder no estado. 

É claro que outros personagens – como os citados neste post – irão se movimentar no contraponto a Brandão até 2026, na tentativa de mitigar os efeitos de sua articulação política.

Mas, assim como apostam em uma espécie de prazo de validade do governador, que diminui a cada dia, sabem que precisam aguardar a decisão dele antes de tomar as suas próprias.

Esses freios e contrapesos estarão sendo usados dia após dia até abril de 2026…