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De como Flávio Dino se afastou da nova geração de políticos para ressuscitar as velhas elites tradicionais

Eleito em 2014 com uma forte base de jovens lideranças, o ex-governador – que prometeu modernizar o Maranhão e tirar seu povo da pobreza – foi, aos poucos se aproximando de velhas práticas, até entregar o governo a Carlos Brandão, que trouxe figuras já ultrapassadas de volta ao poder

 

Ao se eleger em 2014, Flávio Dino abriu espaços para a renovação da política maranhense, que ele mesmo agora tenta frear com a ressurreição de velhas elites políticas

Análise de conjuntura

O blog Marco Aurélio D’Eça já escreveu sobre o legado político do ex-governador Flávio Dino (PSB) que nem ele próprio soube reconhecer.

Esta análise está no post de fevereiro de 2022 intitulado “Eleições devem consolidar transição de gerações no poder no Maranhão”.

O atual momento político do Maranhão, no entanto, mostra que Dino preferiu obscurecer esse legado em troca da promoção pessoal; e para isso, precisou trazer de volta à cena, as velhas elites tradicionais da política maranhense, representadas pelo seu sucessor, o tampão Carlos Brandão (PSB).

Ao se eleger em 2014, Dino abriu espaço para um grupo de jovens políticos prontos para renovar o poder no estado.

Não há dúvidas de que, só a partir de sua vitória, nomes como Weverton Rocha (PDT), Eliziane Gama (Cidadania), Edivaldo Júnior (PSD), Eduardo Braide (Sem partido), Duarte Junior (PSB) e tantas outras lideranças na casa dos 30, 40 anos, puderam sonhar com espaços de poder no Maranhão.

Esta história foi contada nos posts “Um ponto para Flávio Dino…”, de março de 2018, e em “O Maranhão das castas políticas”, de de fevereiro deste ano.

Mas o que levou Flávio Dino a se afastar de seu projeto inicial e se aproximar das velhas elites tradicionais que já estavam aposentadas?

A única explicação é a vaidade pessoal.

O ex-governador vive um sonho quase patológico de ser no Maranhão a nova versão do que foi o ex-presidente José Sarney (MDB), em todos os aspectos da vida, política, intelectual, pessoal; e para ser um novo Sarney, ele precisa ter o poder no estado por, pelo menos, 20 anos.

O blog Marco Aurélio D’Eça já havia revelado esta intenção em 2014, no post “O projeto de 20 anos de Holandinha e Flávio Dino…”

Foi a partir desta percepção que o ex-governador passou a se aproximar dos antigos adversários, sobretudo a partir de 2018; só que, àquelas alturas, Edivaldo já estava reeleito prefeito de São Luís, Eduardo Braide surgia como nova opção na capital maranhense e Weverton e Eliziane haviam chegado ao Senado, numa inédita vitória dos filhos do povo contra as elites tradicionais.

Aliás, esta vitória de Weverton e Eliziane fora analisada também no blog Marco Aurélio D’Eça, no post “confronto de gerações nas eleições maranhenses”.

Weverton e Eliziane são símbolos maior da renovação promovida a partir de Flávio Dino: ambos filhos do povo, se elegeram senador contra as velhas elites tradicionais

Para evitar dividir poder com esta turma nova, cheia de gás e com estrada aberta para décadas de embates políticos, só restava ao governador comunista apostar no seu vice, Carlos Brandão (PSB), último representante das velhas oligarquias e do coronelismo maranhenses.

Com Brandão, Dino sabe que tem espaço para retornar ao poder; e a junção com as velhas elites, hoje encasteladas no Palácio dos Leões – mas sem perspectivas futuras – ele pode recriar o caminho de volta em curto prazo.

O ex-governador só não esperava que o próprio povo maranhense – aquele mesmo que o elegeu tentando se livrar das velhas elites – também apostava na renovação de poder.

E essa sede de renovação fez surgir, além de Braide, Eliziane, Edivaldo e Weverton – também outras figuras, como Dr. Lahésio (PSC), por exemplo.

E agora é Flávio Dino quem precisa escolher de que lado quer ficar: ele pode passar para a história como o líder que renovou a política e o poder no Maranhão ou como aquele que ressuscitou as velhas elites tradicionais maranhenses.

A escolha é do próprio Dino…

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Jeisael Marx diz verdades que ninguém tem coragem de dizer…

Em mais uma entrevista sobre a corrida sucessória, jornalista aponta gente que se vende como nova política, mas que carrega no conteúdo “a velha política de sempre” e diz que há candidatos em busca da prefeitura como troféu

 

O jornalista Jeisael Marx voltou a criticar o atual debate sobre a sucessão do prefeito Edivaldo Júnior (PDT), no qual vê uma corrente de hipocrisia.

Para ele, os adversários pregam “nova política apenas como embalagem”.

– É o político de carreira, que é filho do político de carreira, que é rico,  que nasceu em berço de outro, que não sabe o que é pegar um ônibus para ir ao Centro entregar um currículo, pra ter uma assinatura numa carteira de trabalho, pra receber um salário no final do mês e ter a agonia de para ter a agonia de pagar um boleto que está atrasado – apontou.

Para o jornalista, São Luís precisa de alguém que tenha, de fato, vivido aquilo que o povo vive, aquilo que é agonia do cidadão da periferia, da zona rural.

– Infelizmente, o tempo inteiro a gente aceita ser enganado por gente que quer, por exemplo, quer a prefeitura somente como um degrau para 2022, somente como mais um troféu em sua carreira política – disse o pré-candidato a prefeito.]

Jeisael tem mobilizado setores da imprensa e a população sobre o debate da nova política.

E deve disputar a Prefeitura de São Luís em 2020…

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Eduardo Braide e uma nova ordem política…

Postura do candidato a prefeito de São Luís tem sido adotada também por candidatos de grandes centros, que derrotaram governadores, senadores e deputados no primeiro turno e evitam colar imagem à de caciques tradicionais da política

 

Eduardo Braide em caminhada na área Itaqui-Bacanga: "quem manda em São Luís é o povo"

Eduardo Braide em caminhada na área Itaqui-Bacanga: “quem manda em São Luís é o povo”

Cinco dias depois de encerrado o primeiro turno das eleições em São Luís – com a surpreendente chegada do deputado estadual Eduardo Braide (PMN) ao segundo turno – muita gente da política e da imprensa ainda se espanta com a postura do candidato, que tem dado de ombros à busca por alianças com caciques tradicionais.

Mas Eduardo não é o único a adotar esta nova ordem política no país.

O candidato do PMN sabe que, ao chegar ao segundo turno  derrotou, de uma só vez,  o governador,ex-ministros, pelo menos dois senadores, além de deputados federais e estaduais, que, de forma direta ou indireta, atuaram fortemente no primeiro turno.

Natural que, agora, Eduardo busque apoios na nova ordem política, com lideranças emergentes e sem vínculos com  a velha política, a exemplo da vereadora Rose Sales (PMB), primeira a declarar apoio a ele e se engajar na campanha.

Mas o exemplo de Eduardo Braide não é único no país.

Em Belo Horizonte, após sua chegada ao segundo turno – também surpreendente – o candidato do PHS, Alexandre Kalil, descartou qualquer busca de apoio para o embate com o tucano João Leite.

– Eu não tenho cacique e não quero cacique nenhum. Não quis no primeiro turno e não quero no segundo, no terceiro ou no quarto turno – respondeu Kalil, logo na primeira entrevista após o resultado de domingo, 2.  (Leia aqui a matéria completa)

Só para efeito de comparação, Alexandre Kalil derrotou, de uma só vez, em BH o governador Fernando Pimentel (PT), o prefeito Márcio Lacerda (PSB) e os senadores Aécio Neves e Antonio Anastasia (ambos do PSDB), que tinham seus próprios candidatos no primeiro turno.

Alexandre Kalil deixou claro: "não quero cacique em meu palanque"

Alexandre Kalil deixou claro: “não quero cacique em meu palanque”

A postura de Kalil e de Braide pode chocar a classe política tradicional, mas encanta o povo, que espera do gestor – mais do que conchavos ou loteamentos de cargos na prefeitura – ações de resultados efetivos.

E um exemplo oposto é o próprio prefeito Edivaldo Júnior (PDT), adversário de Eduardo Braide em São Luís.

Eleito em 2012 com apoio de dezenas de partidos, Edivaldo acabou por lotear a prefeitura entre parceiros. E nem assim resolveu os problemas da cidade nos quatro anos de gestão.

Agora, o mesmo Edivaldo reúne nada menos que 15 partidos em sua coligação, e outros tantos caciques políticos a referendar-lhe a candidatura.

E cada um vai querer um pedaço da prefeitura…

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Eduardo Braide busca ligação direta com o eleitor…

Candidato do PMN a prefeito rechaça acordos por cargos ou negociatas político-eleitorais para manter-se íntegro diante do cidadão que o levou ao segundo turno das eleições em São Luís

 

Braide mantém contato direto com o eleitor, sua aposta para vencer também no segundo turno

Braide mantém contato direto com o eleitor, sua aposta para vencer também no segundo turno

A chegada do deputado estadual Eduardo Braide (PMN) ao segundo turno das eleições em São Luís foi marcada por uma euforia inicial, seguida de uma dose de frustração em setores da classe política e da imprensa.

É que o candidato preferiu manter a confiança única apenas no eleitor, e deixou claro logo na primeira entrevista que não pretende fazer negociações de cargos em busca de alianças.

Para Braide, todo apoio é bem vindo neste segundo turno, mas ele deixou claro à classe política que não haverá negociatas com cargos em sua gestão.

Seu link direto será apenas com a população.

Quem já entendeu este conceito novo na arte de fazer política, como a vereadora Rose Sales (PMB), se engajou imediatamente non projeto, “pelo compromisso por São Luís”, em gesto tão respeitável  quanto a própria postura de Braide.

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Eduardo com o Garoto Mídia e Rose Sales: compromisso por São Luís

Eduardo com o Garoto Mídia e Rose Sales: compromisso por São Luís

Mais preparado dentre os candidatos a prefeito de São Luís neste pleito,  Eduardo Braide fez uma campanha perfeita do ponto de vista técnico.

Sem tempo na propaganda eleitoral, apostou nas redes sociais e no corpo a corpo com o eleitor.

Fez muitas caminhadas até sozinho, só ele e a população, enquanto outros candidatos só saíam de casa se tivessem uma “multidão” montada para recebê-lo.

Eduardo Braide sabia que precisaria se expor ao eleitor para que o eleitor pudesse fazer a comparação entre ele e os adversários.

E conseguiu essa comparação nos debates da TV Guará e da TV Mirante.

A partir daí, já com sua força consolidada nas redes sociais, bastou esperar a repercussão para chegar ao segundo turno.

Eduardo tem mantido a mesma postura do primeiro turno, com caminhadas diárias, de manhã e à tarde, seja com uma, 10, 100 ou mil pessoas, da mesma forma como fez na primeira fase da campanha.

E quem quiser se engajar no projeto – classe política, mídia, militantes – é só seguir o candidato.

Por que o compromisso é com São Luís, como definiu perfeitamente a vereadora Rose Sales.

Simples assim…