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Nike proíbe nomes de políticos em camisas oficiais da Seleção Brasileira…

Empresa que fornece o material esportivo da CBF decidiu iniciar campanha para resgatar as cores do país no uniforme canarinho, que vinha sendo usado indevidamente como símbolo de patriotismo – e do “nós contra eles” – por aliados do presidente Jair Bolsonaro

 

As novas camisas da seleção brasileira foram lançadas semana passada; e a azul esgotou mais rápido por que a amarela está negativamente vinculada ao bolsonarismo

A Nike, empresa americana de material esportivo que fornece o uniforme da Seleção Brasileira, decidiu proibir oficialmente gravações de nomes de políticos ou frases relativas a este ou aquele candidato presidencial nas novas camisas, que serão usadas na copa do mundo do Qatar.

O objetivo é resgatar as cores do Brasil – verde, azul e amarelo – que vinham sendo usadas desde 2018, indevidamente, como símbolo de patriotismo por partidários do presidente Jair Bolsonaro (PL).

A apropriação indevida das cores do uniforme levaram a Nike e a Confederação Brasileira de Futebol a iniciar uma campanha de mídia incentivando a população a usar a camisa, não como símbolo de uma ideologia, mas como cor da pátria, representada na seleção durante a copa.

De acordo com a influencer digital e pesquisadora de moda Anne Rebecca D’Eça, os novos uniformes da seleção, que ressaltam a onça pintada, símbolo maior da fauna brasileira, começaram a ser vendidas há uma semana; e a camisa azul esgotou antes da amarela, pela resistência ao uso da cor apropriada pelo Bolsonarismo.

– Depois de as cores da bandeira terem sido apropriadas por um partido político, a camisa estava em um péssimo momento: ninguém queria ser confundido com bolsominion (o que é completamente válido) – explica Rebecca D’Eça, em seu perfil no instagram @annerebecca .

O blog Marco Aurélio D’Eça abordou o tema das cores nacionais logo após as manifestações do dia 11 de agosto, no post “O resgate das cores do Brasil…”.

Na tentativa de despolitizar as cores do Brasil, a Nike utilizou personagens mais distantes da politização brasileira na divulgação das novas camisas

Segundo a Nike, a proibição de termos a serem gravados nas camisas oficiais são revisados periodicamente, o que visa preservar o símbolo e as cores brasileiras.

A Nike, como descrito na própria página, não permite customizações com palavras que possam conter qualquer cunho religioso, político, racista ou mesmo palavrões. Este sistema é atualizado periodicamente visando a cobrir o maior número de palavras possíveis que se encaixem nesta regra – diz o documento da fabricante da camisa canarinho. (Saiba mais aqui)

O que vai ajudar também na despolitização das cores do Brasil, sobretudo da bandeira e das camisas da seleção, é o fato de que a Copa do Qatar ocorrerá depois das eleições, com o Brasil já sabendo quem será seu novo presidente.

E a decisão do brasileiro nas urnas pode levar toda a população a vestir-se, com orgulho, para torcer pelo Brasil.

Na copa e na política…

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O resgate das cores do Brasil…

As mais belas imagens das manifestações democráticas desta quinta-feira, 11, mostram bandeiras brasileiras, jovens e senhores caras-pintadas, misturados ao vermelho, ao roxo e ao arco-íris dos movimentos sociais progressistas, numa mostra de que o verde e o amarelo do país deixaram de ser associados ao autoritarismo e à violência dos últimos anos

 

A bandeira do Brasil foi aberta bem no centro da manifestação na faculdade de Direito da USP, rodeada por vermelho, roxo e arco-íris dos movimentos sociais

Editorial

Mais do que definitivas do ponto de vista político para demarcar o fim de um ciclo, as manifestações desta quinta-feira,11, em todo o país, representam o símbolo de um resgate das cores brasileiras.

O verde e o amarelo deixaram de ser propriedade de fanáticos bolsonaristas, autoritários que tentaram impor um modelo de Brasil das cavernas, cerceando liberdades e cassando direitos individuais.

A bandeira do Brasil tremulou, linda e forte, ao lado dos pavilhões de segmentos sociais, movimentos sindicais e partidos do campo progressista, numa espécie de libertação das amarras fanáticoideológicas que se espalharam pelo país ao longo dos últimos quatro anos. 

Há tempos, o blog Marco Aurélio D’Eça prega o resgate da bandeira do Brasil, símbolo que foi indevidamente apropriado pelo bolsonarismo para rechaçar aqueles que não compactuavam com as ideias do presidente, eleito em 2018 num arroto da história brasileira.

A manifestação na USP – símbolo maior dos eventos desta quinta-feira – representou também o que este blog dizia há tempos: Bolsonaro perdeu a base que o elegeu em 2018, formada pelo mercado interesseiro, pelos militares menos conscientes e pela massa evangélica controlada por mercadores da fé.

Bolsonaro está nu.

Tentou vestir-se com o verde e amarelo da bandeira, mas sucumbiu na própria ignorância; a bandeira do Brasil não pertence a ninguém, mas ao povo.

E pode, sim, tremular ao lado da flâmula vermelha da esquerda, do roxo das manifestações feministas ou do Arco-íris que representa o movimento LGBTQIA+.

 

Manifestantes resgataram as cores verde, azul e amarelo, que haviam sido apropriadas, indevidamente, pelo bolsonarismo

Qualquer analista mais sensato e antenado com os ciclos históricos do país sabe que o presidente já perdeu estas eleições.

Ele é um arroto criado por uma insanidade coletiva que se instalou no Brasil a partir do golpe de 2016, como já disse o blog Marco Aurélio D’Eça em diferentes momentos. (Releia aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui e também aqui)

O brasileiro precisa se apossar de seus símbolos nacionais, que não pertencem a Bolsonaro nem a militares; e muito menos aos trogloditas racistas, machistas, homofóbicos e xenófobos que compõem a massa do seu eleitorado.

A bandeira do Brasil pertence ao brasileiro, de qualquer raça, credo ou gênero.

E o brasileiro já disse não ao bolsonarismo…