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Médicos estrangeiros ainda sem amparo legal para atuar no MA…

Governo Flávio Dino vem atuando em diversas frentes na tentativa de legalizar a situação de 40 profissionais, a maioria cubana, para o combate à pandemia de coronavírus, mas suas pretensões esbarram na lei e estão sendo derrubadas na Justiça

 

Os médicos estrangeiros – de maioria cubana – estão atuando sem registro profissional no Maranhão aguardando a um Revalida já contestado judicialmente

O governo Flávio Dino (PCdoB) fez uma zoada danada com um vídeo em que o deputado Wellington do Curso (PSDB) questiona o registro de um médico cubano que atua na UPA da Vila Luisão. (Reveja aqui)

Mas o governo, em momento algum, explicou em que circunstâncias legais este e outros médicos estrangeiros – são cerca de 40 – estão atuando no Maranhão.

O chamamento dos médicos estrangeiros se deu por intermédio do Decreto nº 35.762/20, assinado por Flávio Dino no final de abril. (Saiba mais aqui)

O blog Marco Aurélio D’Eça apurou que, para chamar esses médicos, o governo utilizou-se de supostas brechas da lei nº 12.871/2013, que criou o “Mais Médicos”, programa federal extinto no início do mandato de Jair Bolsonaro.

Essa lei é citada, inclusive, pelo secretário de Direitos Humanos e Participação Popular, professor-doutor Chico Gonçalves, em sua conta no Twitter.

– Todos os médicos cubanos que estão atuando no Combate ao Covid-19 em nosso estado participaram do Programa Mais Médicos ou foram intercambistas, de acordo com a Lei 12.871/213 – afirmou Gonçalves. 

Mas o Conselho Federal de Medicina já ajuizou ação contestando a validade desses contratos, com base no artigo 5º da Constituição Federal e na Lei de Diretrizes e Bases da Educação.

– A parte ré está se valendo de uma situação de emergência sanitária, em decorrência da pandemia da COVID 19, para burlar a legislação pátria, que não permite a atuação de médicos sem diploma revalidados e sem registro nos Conselhos de Medicina – afirma a ação impetrada pela Coordenação Jurídica do CFM. (Leia a íntegra aqui)

Em 2019, o Governo Federal editou a Medida Provisória nº 890/2019, que criou o programa “Médicos pelo Brasil”, em substituição ao “Mais Médicos”.

Este blog não encontrou no texto dessas leis nenhum artigo, parágrafo, inciso ou alínea que indique amparo aos governos estaduais na seleção de médicos estrangeiros. (Leia aqui e aqui)

Revalida maranhense à jato

Médico cubano que atua na UPA da Vila Luisão confirmou ao deputado Wellington do Cuirso estar atuando sem registro profissional

Após a contestação pelo CFM, o governo Flávio Dino abriu outras duas frentes para tentar legalizar os médicos estrangeiros, usando como argumento a pandemia de coronavírus:

1 – Acionou a Justiça Federal com pedido de liminar para obrigar o Conselho Regional de Medicina a conceder o registro profissional a esses médicos, mesmo antes de terem o Revalida;

2 – Criou um Programa Revalida próprio, coordenado pela Universidade Estadual do Maranhão (Uema), também usando brechas de leis federais, para dar diploma “à jato” aos estrangeiros;

A primeira frente foi derrubada esta semana pelo juiz federal José Valterson de Lima, da 13ª Vara Federal Cível da Justiça Federal, que indeferiu o pedido. (Saiba mais aqui)

Já o programa da Uema, também contestado, baseia-se na Portaria MEC nº 22, de 13 de dezembro de 2016, e na Resolução CNE/CES nº 3, de 22 de junho de 2016.

Bombardeada de críticas, a Uema até emitiu nota sobre o Revalida, mas não informou sobre o início e a consolidação do certame. (Leia a nota aqui)

Diante de toda esta movimentação, fica claro que os médicos estrangeiros no Maranhão – cubanos, inclusive – estão atuando ilegalmente.

E, neste ponto, Wellington do Curso tem razão em contestar a atuação destes profissionais…

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“Se apenas quiser atrapalhar, fique em, casa”, diz Carlos Lula, advertindo Wellington

Secretário de Saúde do estado chamou a atenção do parlamentar acusado de humilhar um médico cubano em visita à UPA da Vila Luisão, em vídeo que viralizou na internet nos últimos dias; deputado fala de “exercício ilegal da profissão”

 

Médico explica a Wellington sua situação no Maranhão; deputado informa que vai comunicar ao CRM

O secretário de Saúde do Maranhão, Carlos Eduardo Lula, reagiu nesta quarta-feira, 13, ao vídeo em que o deputado Wellington do Curso (PSDB) conversa com um médico cubano, na UPA da Vila Luisão, e ameaça denunciá-lo por exercício ilegal da profissão.

O vídeo do parlamentar foi publicado primeiro em seu próprio perfil no instagram; depois espalhado, de forma negativa, em blogs e redes sociais ligados ao governo Flávio Dino (PCdoB).

Para Lula, “o deputado da ‘polêmica’ não está preocupado com a  saúde da população, muito menos com atendimento ás vítimas da coVID-19”.

– Tenha a honradez de tratar comigo. E nunca, nunca humilhe um profissional em seu local de trabalho – exigiu o secretário, em seu perfil no Twitter.

No vídeo em questão, o médico cubano, identificado por Jhoseh, aparece sentado, quando é abordado pelo deputado Wellington do Curso, que pede sua identificação. (Veja abaixo)

O médico informa que não tem Revalida (exame obrigatório para médicos formados em outros países, estrangeiros ou não), mas informa que faz apenas o acompanhamento individual do paciente, sem assinar atestados, o que é feito por outro profissional.

Sem entrar no mérito da legalidade do trabalho do médico cubano, Carlos Lula diz que agradece tanto a ele quanto a outros médicos que atenderam ao edital do governo para trabalhar nba pandemia.

– Até a sua ajuda [de Wellington] eu aceito, de bom grado. Mas se quiser só atrapalhar, fique em casa – respondeu, diretamente ao deputado.

Parte do vídeo em que o deputado Wellington conversa com o médico cubano sobre sua atuação na UPA da Vila Luisão

No vídeo, Wellington tenta ser o mais educado possível, mas insiste na apresentação de documento que garanta o exercício da profissão pelo médico Jhoseh.

Diante da não-apresentação, anuncia, que tomará providências.   

– Eu vou fazer essa reclamação diretamente ao CRM – encerra o parlamentar, no vídeo que dá a impressão de ter sido cortado abruptamente.

A polêmica vem se arrastando desde então…

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Em Brasília, Zé Inácio solidariza-se com médicos cubanos…

Deputado maranhense participou de audiência com representante da Organização Pan-americana de Saúde e avaliou a falta de capacidade de diálogo do governo Bolsonaro

 

O deputado estadual Zé Inácio (PT), que cumpre agenda em Brasília desde o início da semana, reuniu-se nesta sexta-feira, 30, com o representante da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), Joaquín Molina.

A OPAS é a responsável pela contratação dos médicos cubanos que atuam no programa “Mais Médicos”, no Brasil.

– O Programa Mais Médicos garantiu acesso a saúde a milhões de brasileiros e brasileiras, e lamentavelmente o governo eleito não teve capacidade de dialogar com o governo cubano para manter um Programa tão importante – frisou Inácio.

O médicos cubanos estão deioxando o Brasil depois que o presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) fez questionamentos e ameaças em relação à presença deles no Brasil.

Durante o encontro com Molina, o parlamentar maranhense prestou solidariedade aos cubanos e lembrou o trabalho de excelência realizado durante cinco anos no Brasil.

– Eles beneficiaram, sobretudo, as populações carentes – ressaltou o parlamentar.

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“Graças a Deus tínhamos os cubanos”, desabafa Yglésio, sobre “Mais Médicos”…

Médico cirurgião eleito deputado estadual exorta os colegas “do plantão do Instagram” a trabalhar nos rincões maranhenses e classifica decisão de Jair Bolsonaro de “salto triplo carpado no abismo”

 

PRESIDENTE DE REFUGO. Para Yglésio Moisés, Bolsonaro foi de infelicidade extrema com ação contra médicos cubanos

O médico cirurgião, eleito deputado estadual pelo PDT – e plantonista com histórico em diversos municípios maranhenses sem a mínima estrutura de saúde – classificou a ação do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) contra a presença de cubanos no programa “Mais Médicos”, como um triplo carpado no abismo.

Para Yglésio, Bolsonaro erra ao questionar a medicina cubana por três motivos principais.

1 – revalidar o diploma: o currículo cubano não tem as mesmas habilidades, a medicina é outra lá, mas não deixa de ser Medicina, porque a finalidade é curar;

2 – pagar o salário integral: os médicos cubanos de modo geral têm sentimento de nacionalismo e não são formados para andarem de Audi, Land Rover ou Toyota Hilux. Essas pessoas pensam diferente porque as aspirações são diferentes;

3 – repassar individualmente o salário: acho válido, desde que fosse pactuado um percentual justo do convênio pra seguir fazendo formação médica e não 100%. Programas de Estado não são CLT. Eles precisam de verba, Cuba é uma Ilha de Miséria.

Ao lamentar a ação de Bolsonaro em seu perfil no Facebook, o deputado estadual eleito ressaltou que os médicos cubanos faziam no Maranhão e em outros rincões, o que os médicos maranhenses não aceitavam fazer.

– Graças a Deus que tínhamos os cubanos para fazer o “serviço sujo”, nas palavras de alguns colegas. Agora, espera-se que a galera do plantão do Instagram mexa a bundinha e se digne a trabalhar em Belágua, em Água Doce do Maranhão, em tantos outros rincões onde, apesar da estrutura péssima, existem seres humanos que precisam de cuidado, de conforto e do efeito placebo que um bom atendimento médico, cubano ou não, é capaz de gerar em vítimas, acima de tudo, da desesperança – desabafou o médico maranhense.

Yglésio Moisés conclui seu pensamento no Facebook lembrando que Bolsonaro errou miseravelmente ao usar o Twitter para sua comunicação belicosa; disse esperar que o presidente eleito recue deste posicionamento.

Aliás, como tem feito sempre que seus desatinos geram repercussão negativa…