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2024: ninguém diz nada, mas há sinais…

Embora as aparentes águas tranquilas navegadas pelo governador Carlos Brandão neste fim de 2023 apontem para a hegemonia do Palácio dos Leões nas eleições do ano que vem, há um efetivo e crescente movimento de marés interessado na sucessão municipal; mas – mais que isso – interessado, sobretudo, na sucessão do próprio governador, em 2026

 

Há um crescente movimento de contraponto político no Maranhão, que pode ou não se sustentar ao longo dos anos; mas há…

Editorial

O deputado estadual Othelino Neto (PCdoB), e sua mulher, a senadora Ana Paula Lobato (PSB), mostraram a cara e se movimentaram.

No navegar das águas tranquilas controladas pelo Palácio dos Leões – capitaneadas pelo governador Carlos Brandão (PSB) à frente de um grupo hegemônico a partir de São Luís – há outros personagens nadando, alguns de braçadas, outros em maré-mansa; mas todos prontos para os embates de 2024 e 2026.

O título deste post usa uma expressão atual – que virou meme nas redes sociais – para mostrar que os movimentos de deputados federais, deputados estaduais, senadores e lideranças políticas já estão alinhados com os projetos de poder desenhados na era pós-Dino, que deu ao Maranhão o governo Carlos Brandão.

Há, sim, um contraponto político à hegemonia do Palácio do Leões; haverá democracia no Maranhão, preocupação demonstrada por este blog Marco Aurélio d’Eça ainda em fevereiro, no post “Sem oposição não há democracia…”.

Na virada de 2023 para 2024 ainda pode ser cedo para elencar personagens, delinear perfis e apontar lideranças, mas é claramente possível ver que o foco a partir de onde se sustentará todo o contraponto aos projetos hegemônicos no Maranhão surge na bancada maranhense no Senado Federal.

O governador Carlos Brandão quer tornar a eleição de 2024 um confronto direto entre o Governo do Estado e a Prefeitura de São Luís, situação a partir de onde, ele próprio, pretende controlar as alternativas para 2026.

Há quem concorde com isso, há quem aceite, há quem ache bom para o Maranhão.

Mas não é.

Citados na primeira linha deste texto, há Othelino Neto e sua mulher, Ana Paula Lobato; mas no contexto há também o senador Weverton Rocha e o seu PDT. Há o deputado federal Márcio Jerry, os estaduais Rodrigo Lago e Júlio Mendonça (ambos do PCdoB), Leandro Belo (Podemos), Carlos Lula (PSB) e Osmar Filho (PDT); e há o prefeito Eduardo Braide (PSD).

Os movimentos de 2023 já acabaram, e começam a dar lugar às ações de 2024; nesse ano que se aproxima haverá movimentos no governo Lula (PT) que se entrelaçam com a ações do Congressso Nacional, do TSE, do STJ e do STF.

E todas essas ações dizem respeito ao Maranhão, tanto em 2024 quanto em 2026.

Ninguém diz nada, mas há sinais…

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Brandão quer candidato a prefeito com “responsabilidade” e “harmonia” em seu grupo

Embora pressionado pelo ministro da Justiça Flávio Dino a apoiar logo o deputado federal Duarte Júnior, governador quer conversar primeiro com todos os membros e pré-candidatos da base, diz que não tem pressa para a definição de seu posicionamento, mas estabelece critérios que excluem nomes na base

 

Carlos Brandão estabeleceu critérios que excluem candidatos a prefeito em sua base aliada

Análise da Notícia

O governador Carlos Brandão (PSB) deu nesta terça-feira, 7, mais uma mostra de que ainda não está totalmente convencido do apoio do Palácio dos Leões à candidatura do deputado federal Duarte Júnior (PSB) a prefeito de São Luís.

Em entrevista à TV Mirante, Brandão admitiu que já acertou com o ministro da Justiça Flávio Dino (PSB) o apoio conjunto, não apenas em São Luís, mas em outros 40 maiores municípios; mas deixou claro não ter pressa para esta tomada de decisão.

– Eu não sou ditador, não tem pressa. Preciso de mais tempo para ouvir a liderança de cada um, vou conversar com eles para tomar uma decisão mais madura – revelou o governador.

Há duas semanas, Brandão chegou a cogitar participar da conferência do PSB que lançou oficialmente a pré-candidatura de Duarte, mas, como revelou em primeira mão este blog Marco Aurélio d’Eça, acabou ignorando o ato na última hora, alegando “ainda não ser o momento” para isso.

Aliados, amigos e excluídos

Nas conversas que pretende ter com “os aliados e amigos”, Brandão inclui nominalmente a presidente da Assembleia Legislativa Iracema Vale (PSB) e o presidente da Câmara Municipal de São Luís, Paulo Victor (PSDB), além dos presidente do PP e do União Brasil, ministro dos Esportes André Fufuca e deputado federal Pedro Lucas, respectivamente.

Mas ignora os pré-candidatos Neto Evangelista (União Brasil), Wellington do Curso (PSC), Edivaldo Júnior (sem partido) e Dr. Yglésio (ainda PSB), também não cogitados pela cúpula da base.

– Eu preciso ouvir aliados e amigos antes de tomar qualquer decisão – disse o governador.

Critérios afastam pretendentes

O governador já tem definido um perfil para o candidato: além da melhor proposta, ele precisa ter “responsabilidade”, seja lá o que isso quer dizer. Dentro do governo, Duarte Júnior e Dr. Yglésio são vistos como pouco enquadrados neste perfil definido por Brandão.

Além do perfil de “responsabilidade e melhor proposta”, o candidato a prefeito em São Luís, na avaliação de Brandão, será aquele aquele que “reunir mais apoio no grupo e tiver mais harmonia”.

Ele disse que irá ouvir o PT, PCdoB, PV, União Brasil, PP, PSB e outros partidos da base antes de bater o martelo.

Mas não citou como aliado, por exemplo, o PDT, que Flávio Dino também quer enquadrado no seu projeto de hegemonia…

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Hegemonia de Brandão pode ser péssima para o estado, analisa Joaquim Haickel…

Em artigo divulgado neste fim de semana, ex-deputado analisa que a força política do atual governador – construída “em cima de escombros de grupos políticos outrora poderosos” – traz sérios e graves problemas de manutenção, inclusive a curto e médio prazos; no texto, o escritor reserva farpas também para o grupo Sarney, Flávio Dino e até para o prefeito Eduardo Braide

 

Joaquim Haickel analisou a política atual de cima abaixo, apontando situações e construindo cenários

O ex-deputado federal, estadual e ex-secretário de Cultura, Esporte e Comunicação Joaquim Haickel analisou neste sábado, 3, o poderio político adquirido pelo governador Carlos Brandão (PSB) em apenas cinco meses de mandato.

E acha que esta hegemonia pode ser péssimo para a política maranhense.

Para Haickel, a construção da hegemonia de Brandão – em cima de escombros do que outrora foram grupos poderosos – terá problemas de manutenção, normalmente ligados ao aspecto financeiro de um grupo gigantesco, onde cada uma de suas partes reivindica um cadinho.

– No caso desse tipo de hegemonia, o que ocorre é que quem perdeu o protagonismo só aguarda a dissolução dela, só espera que o tempo passe para voltar ao centro das atenções como salvador da pátria – diz ele, numa clara referência ao ministro da Justiça Flávio Dino (PSB), embora não cite o seu nome em nenhum trecho do artigo.

Em seu artigo, que analisa também a política nacional, vê o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como um arremedo senil do que fora em seus dois primeiros mandatos, e ministros desequilibrados  e destemperados, mesmo querendo vender-se como líderes, “faróis na noite escura da política brasileira”.

Haickel reserva um capítulo dos eu artigo para o prefeito Eduardo Braide (PSD), a quem vê como político relevante, mas sem grupo.

– Ele [Braide] sozinho configura-se como uma equação politicamente inexequível, mesmo que tenha boa perspectiva eleitoral a curto prazo – analisa Joaquim Haickel.

O ex-parlamentar louva a articulação do deputado federal Cleber Verde, que deseja candidatar Braide pelo MDB, mas ressalta que, hoje pertencente à base do governo Brandão, o partido ainda tem na deputada federal Roseana Sarney a sua principal força.

– Apesar de ter perdido o poder, por vários e vários motivos, juntamente com seu agora reduzido grupo, [Roseana] ainda é uma força que não pode ser descartada – frisou.

Consciente da força de suas palavras, Haickel faz, ele próprio, uma ressalva às suas reminiscências, mostrando-se atento ao que pode ser interpretado a partir delas.

– Como disse antes, pessoas como eu normalmente desagradam a todos, não por simplesmente estarem erradas, pois quem está errado nem é levado em consideração, mas por dizerem verdades, coisas que normalmente incomodam – concluiu o membro da Academia Maranhense de Letras.

Abaixo, a íntegra do artigo:

Sobre verdade e política, a pedidos

Alguns amigos meus, frequentemente, têm me pedido que volte a escrever sobre política, assunto que tenho evitado pelo imenso grau de radicalização que esse setor sofreu nos últimos tempos e pelo fato de eu dizer coisas que acabam desagradando a todos, característica peculiar das pessoas que falam verdades, e verdades geralmente não são coisas agradáveis de serem ouvidas, e que transformam quem as dizem em personas non gratas, coisa que eu não desejo ser.

Nos últimos tempos tenho me dedicado exclusivamente aos meus projetos cinematográficos que estão em andamento, uma vez que os negócios de minha família estão sendo tocados, e muito bem, diga-se de passagem, por meu irmão e minha esposa. Mas como meus filmes me deram uma folguinha nos últimos dias, até porque essa atividade, de tempos em tempos, exige certo distanciamento, para que se possa ver as coisas em perspectiva, resolvi parar para analisar alguns poucos aspectos da política, assunto que como todos sabem, muito me agrada, principalmente em seu aspecto estratégico e filosófico, uma vez que, já faz algum tempo, sou completamente refratário à prática diária da política, o tal corpo a corpo.

A política nacional está uma verdadeira loucura. Lula que era um craque da política, no bom e no mau sentido, dá claros sinais de senilidade, falando e fazendo coisas que nem ele mesmo aceitaria, mesmo em seu piores momentos.

Alguns de seus ministros, ouviram o sino tocar, mas não conseguem encontrar a igreja, enquanto outros, estes competentes e bem-preparados, tropeçam em suas idiossincrasias mais atávicas e acabam por demonstrar desequilíbrio e destempero, características que não podem estar presentes no perfil daqueles que desejam ser verdadeiros líderes, faróis na noite escura da política brasileira.

O poder legislativo no âmbito federal, mais do que nunca é um balcão de negócios. Seus comandantes ou são covardes oportunistas ou são ávidos negocistas. É triste esse panorama.

No âmbito estadual, nunca se viu uma situação de tamanha hegemonia. Não que eu me lembre. Mas isso que pode ser muito bom por um lado, pode ser péssimo por outro. Eu explico, ou pelo menos vou tentar.

Quando se atinge a hegemonia através de uma luta renhida, uma disputa “sangrenta”, quando ela é resultado de uma conquista monumental, ela normalmente é boa e as partes, as facções, as pessoas que compõem esse grupo, sabem o que as levaram até ali e têm um compromisso maior.

Quando a hegemonia é decorrente da dissolução dos grupos políticos anteriormente constituídos, quando ela é construída nos escombros do que havia antes, mesmo que ela tenha a frente um líder experiente, cauteloso e bem-intencionado, como é o caso de Carlos Brandão, ela é na verdade uma hegemonia frágil, que até aparenta ser forte, mas que traz sérios e graves problemas de manutenção, normalmente ligados ao aspecto financeiro de um grupo gigantesco, onde cada uma de suas partes reivindica um cadinho, deixando por conta do seu comandante a solução de problemas gigantescos e quase insolúveis a curto e médio prazo.

No caso desse tipo de hegemonia, o que ocorre é que quem perdeu o protagonismo só aguarda a dissolução dela, só espera que o tempo passe para voltar ao centro das atenções como salvador da pátria.

Comentei esse fato com um amigo e ele me perguntou qual seria a solução para esse problema e eu disse que a solução, em primeiro lugar é reconhecer que há um problema, pois muitos não conseguem perceber e outros, os que percebem, tiram proveito disso e, portanto, não se importam.
A segunda coisa que deve ser feita nesses casos é a escolha de seu efetivo, não falo de amigos ou parentes, falo de um exército capaz de enfrentar o por vir, pois numa hegemonia pouca gente se preocupa com isso.

A eleição de prefeitos do ano que vem é a primeira trincheira e será mais do que nunca decisiva para o futuro da política local, e veja que isso não é uma questão de semântica! É uma questão de prática, tanto que acredito que quem melhor esteja pensando nisso seja o deputado Kleber Verde, que deseja candidatar o prefeito Eduardo Braide, pelo MDB.

Braide é um político relevante, mas não tem um grupo em torno de si, não tem uma base sólida, que o apoie. Ele sozinho configura-se como uma equação politicamente inexequível, mesmo que tenha boa perspectiva eleitoral a curto prazo.

Nesse cenário, lembro que o MDB hoje pertence a base mais bem alicerçada do governo. Partido que já foi comandado pela então governadora Roseana Sarney, que apesar de ter perdido o poder, por vários e vários motivos, juntamente com seu agora reduzido grupo, ainda é uma força que não pode ser descartada.

Como disse antes, pessoas como eu normalmente desagradam a todos, não por simplesmente estarem erradas, pois quem está errado nem é levado em consideração, mas por dizerem verdades, coisas que normalmente incomodam.

Mas vá lá! Seja o que Deus quiser, se é que ele se mete nessas coisas.

Joaquim Haickel

Cineasta e membro da Academia Maranhense de Letras

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Imagem do dia: sob nova direção…

Assembleia Legislativa trocou de comando nesta quarta-feira, 1º, em uma movimentação política que exibiu em cores mais nítidas a força do governador Carlos Brandão em um mandato sem oposição na Casa; e se ela aparecer, sairá das entranhas do próprio grupo outrora comandado pelo ministro Flávio Dino

 

A imagem-símbolo da troca de comando na Assembleia Legislativa: Iracema sorri, sentada, e Othelino, de costas, conversa com Mical Damasceno

A imagem que ilustra este post foi flagrada pelo blog Marco Aurélio d’Eça e tem forte simbolismo.

Ela mostra a nova presidente da Assembleia Legislativa, deputada Iracema Vale (PSB), sentada e sorridente em sua bancada no plenário, à frente do agora ex-presidente Othelino Neto (PCdoB), que está de costas, em uma conversa coma deputada Mical Damasceno (PSD).

É a típica imagem do “rei morto, rei posto”.

Othelino deixa o poder após cinco anos de mandato, mas não sai às escuras; ele tem mandato de deputado estadual até 2027 e terá a mulher, Ana Paula Lobato (PSB), no Senado Federal, pelo mentos, também até 2027.

Primeira mulher a comandar a Assembleia em toda a história, Iracema será uma espécie de braço direito do governador Carlos Brandão (PSB), hoje hegemônico na Casa, praticamente sem oposição.

E o simbolismo da foto de Othelino e Iracema mostra exatamente esta hegemonia: junto com o presidente que sai e a presidente que entra, está Mical Damasceno, vista como única parlamentar da oposição na Casa.

Mas ela própria resiste a ser vista assim.

A construção da hegemonia de Brandão na mesa se deu, no entanto, em uma forte queda de braço com o grupo do ministro da Justiça Flávio Dino (PSB), pelos cargos mais importantes – primeira vice-presidência e segunda secretaria, espécies de corregedores da Casa.

Para todos os analistas que cobrem a Assembleia, se Brandão tiver oposição nos primeiros anos de governo, esta sairá das próprias entranhas da base.

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Flávio Dino afasta lideranças da campanha de Lula e pode prejudicá-lo no MA

Medo de transformar o comunista em líder absoluto no estado leva senadores, deputados federais e estaduais eleitos, prefeitos, vereadores e lideranças políticas em todo o Maranhão a cruzar os braços ou cerrar fileiras pró-Bolsonaro, o que  pode fazer a diferença em favor do petista diminuir ou até desparecer, contribuindo para uma derrota nacional

 

Flávio Dino conseguiu convencer Lula de que é o único responsável pela manutenção da vitória do petista no Maranhão

Análise de conjuntura

O blog Marco Aurélio D’Eça tem apontado desde o início do segundo turno que a presença hegemônica e personalista do senador eleito Flávio Dino (PSB) na campanha do ex-presidente Lula no Maranhão tem prejudicado o petista no segundo turno.

Este aspecto foi mostrado no post “Flávio Dino chama para si campanha de Lula e afasta aliados do petista”  e no post “Blitz bolsonarista incomoda Flávio Dino”.

Desde o início do segundo turno, Flávio Dino resolveu vender-se à mídia nacional como dono da campanha de Lula no Maranhão e responsável direto pela eventual ampliação da vantagem do candidato do PT, que foi de 1,6 milhão de votos no primeiro turno.

Essa hegemonia afastou lulistas históricos, como o senador Weverton Rocha (PDT), a deputada federal eleita Roseana Sarney (MDB) e vários deputados estaduais, federais, prefeitos e lideranças políticas.

Levou até ex-petistas a trocar de lado, como o deputado estadual reeleito Dr. Yglesio Moyses (PSB); o ex-secretário do governo comunista Simplício Araújo (Solidariedade) também já declarou voto em Bolsonaro.

Mesmo o governo Carlos Brandão (PSB) tem agido a contragosto na campanha do PT, quase que forçado pela relação com Dino; tanto que o próprio governador já liberou os seus auxiliares para votar com a consciência, sem perseguições. (Leia aqui)

A arrogância de Flávio Dino não o deixa perceber que os bolsonaristas avançam no vácuo da ação pró-Lula; e a eles – os aliados mais truculentos do presidente, capazes de tudo –  única coisa inaceitável é perder. 

A vitória de Lula no Maranhão dará a Flávio Dino a sonhada condição de “deus político”, responsável pelo poder supremo no estado e em condições de negociar, só ele, espaços de poder e cargos no eventual futuro governo.

Para a classe política, garantir isso é transformá-lo em mais um oligarca nordestino.

Mas há um outro viés a se pensar:

E se Lula perder?!?