Enquanto o Brasil se prepara para festejar os 40 anos do fim da ditadura, ainda há os que preferem lembrar o último dia do atual mês de 1964, que pode ter seu significado mudado se Jair Bolsonaro for tornado réu no STF

TRÊS MARÇOS PARA LEMBRAR. O Congresso ocupado pela ditadura, a redemocratização com Sarney e Tancredo e Bolsonaro na sombra do golpe
Ensaio
O Brasil comemora 4o anos da redemocratização no próximo sábado, 15, período em que – bem ou mal – a população acostumou-se a escolher seus governantes de forma livre, embora muitos, nos últimos 9 anos, tentem devolver o país a um outro período, mais obscuro, que chega aos seus 61 anos no próximo dia 31.
- quando o maranhense José Sarney (MDB) recebeu a faixa de presidente da República pôs fim à ditadura militar;
- de lá para cá, foram oito presidentes eleitos diretamente pelo povo, o maior período de liberdade já experimentado;
- a democracia é tão plena que, nestes 40 anos, tivemos dois presidentes depostos, um de forma justa, outra injustamente.
“No campo político, Sarney foi responsável por medidas que consolidaram o processo de redemocratização, como o apoio à Assembleia Nacional Constituinte, que resultou na promulgação da Constituição de 1988. Outra medida importante foi a descentralização do poder, com o fortalecimento das administrações estaduais e municipais, o que foi fundamental para o processo de democratização do país”, conta o portal Mundo Educação, em artigo sobre “O Governo Sarney”. (Leia aqui)
A posse de Sarney já teve a sua história ressignificada e hoje ele paira acima do bem e do mal na política, como mostrou este blog Marco Aurélio d’Eça no post “Sarney 9.4: a política brasileira nunca precisou tanto…”.
O ex-presidente garantiu a transição pacífica, o que resultou na eleição de Fernando Collor de Mello (1989), Fernando Henrique Cardoso (1994 e 1998), Lula (2002 e 2006), Dilma Rousseff (2010 e 1014), Jair Bolsonaro (2018) e novamente Lula, em 2022.
E foi exatamente a ascensão de Bolsonaro – um obscuro deputado federal do baixíssimo clero, oriundo do Exército e com viés autoritário – que trouxe de volta a sombra da ditadura, lembrada, mas não celebrada, na outra data histórica que marca este mês, o 31 de março.
- o golpe militar de 1964 é um dos piores e mais obscuros períodos da história do Brasil;
- nos seus 21 anos, a ditadura teve os mesmos aspectos dos quatro anos de bolsonarismo.
- calcula-se que cerca de 20 mil pessoas foram torturadas pela ditadura neste período.
“A atual Constituição garante a intervenção das Forças Armadas para a manutenção da lei e da ordem. Sou a favor, sim, de uma ditadura, de um regime de exceção, desde que este Congresso dê mais um passo rumo ao abismo, que no meu entender está muito próximo”, declarou Bolsonaro, ainda em 1999, quando nem mesmo o pior pesadelo apontaria sua chegada ao poder no Brasil. (Relembre aqui)
- não por acaso, Bolsonaro elegeu-se apenas dois anos depois do golpe contra a presidente Dilma Rousseff (PT);
- não por acaso, Bolsonaro se vê prestes a ser tornado réu em processo por tentativa de golpe militar no Brasil.
A presença de Bolsonaro na política reforça a certeza de que a data de 31 de março é para ser lembrada apenas como período nefasto da história do Brasil; mas a redenção desta data pode estar no Supremo Tribunal Federal.
Quem sabe o STF não torna Bolsonaro réu por golpe de estado exatamente em 31 de março?!?
A história do Brasil iria agradecer…