A mobilização mundial pela morte de Franciscus reacende um debate sobre a devoção cultural a uma instituição que nem deveria mais ser levada em conta no atual momento da história

O TRONO ESTÁ VAZIO. Como em qualquer país, o vaticano tem sua eleição para substituir seu rei, embora as cosias não aconteçam às claras
Editorial
Que diferença faz para o conjunto da humanidade se a igreja católica passar um mês, um ano, 10 anos sem papa?!? na verdade, até para a maior parte dos 1,4 bilhão de “católicos culturais” – aqueles que declaram-se cristãos apenas por “herança histórica” – já não há mais tanta importância na existência de figura tão simbólica e cheia de contradições ao longo da história da humanidade.
- O papa Franciscus revolucionou a igreja católica em todos os seus aspectos;
- progressista, reformista e revolucionário ele trouxe avanços para esta instituição;
- mas a igreja ainda deve muito aos povos não-católicos, aos escravos, aos negros, aos judeus;
- e deve, principalmente, às crianças, muitas delas seviciadas por sacerdotes protegidos pela santa sé.
Franciscus foi o que foi, um exemplo para os católicos; mas, ainda assim, era só mais um papa; e como governante da instituição católica morreu devendo aos povos, morreu com a culpa que essa igreja carrega.
Em 27 de fevereiro de 2013 este blog Marco Aurélio d’Eça publicou o post “A homossexualidade na igreja católica…”; era a ocasião da renúncia do papa Bento XVI, abatido pelos casos mundiais de pedofilia.
“Mas por que há tantos padres gays na Igreja Católica? Ou, pelo menos, por que surgem tantos casos de pedofilia nesse meio social”, perguntava este blog, para responder ele próprio:
“A exigência do celibato para sacerdotes funcionaria como uma espécie de ‘armário’, atraindo jovens que encontrariam neste tipo de cortina de fumaça uma forma de esconder sua condição sexual. Numa igreja evangélica ou protestante – ou mesmo na sociedade secular – seria mais difícil para um jovem do sexo masculino alcançar a maioridade sem se relacionar com mulheres”.
As religiões em si – todas elas – condenaram por séculos a orientação sexual homoafetiva à condição de pecado. E isso diz muito dos valores, sobre os usos e os costumes da sociedade como um todo; felizmente, o século XX trouxe o avanço da tecnologia que deu mais acesso ao conhecimento e, com ele, a liberdade das amarras religiosas.
Países que já abandonaram a dependência religiosa aparecem no topo da lista de desenvolvimento humano da Organização das Nações Unidas; Noruega, Islandia, Dinamarca, Suíça e Suécia têm IDH inalcançável pelas nações católicas mundo a fora; curiosamente, são os menos religiosos, ou mais ateus, para usar o termo reverso.
Na América Latina, o Uruguai se destaca neste quesito.
- há muito o país vizinho eliminou o conceito de religião e adotou o laicismo como concepção de estado;
- com políticas laicas e seculares, o país avançou significativamente e melhorou sus indicadores sociais.
“Estado laico significa que a religião – seja ela qual for – não interfere em decisões do governo. Ou seja, o país não está ligado a nenhum tipo de doutrina religiosa. Além disso, questões jurídicas não devem ser influenciadas pela religião, sendo independentes de qualquer viés religioso. Em um Estado laico, nenhuma religião é privilegiada ou imposta como oficial, e as decisões políticas não devem ser baseadas em doutrinas religiosas, mas em princípios racionais e democráticos que atendem a toda a população, independentemente de suas convicções espirituais”, diz o site Exclamacion.com.br. (Leia aqui)
Para os países laicos, em maior ou menor grau, a morte do papa Franciscus é a perda de um chefe de um estado, o Vaticano; e sua substituição – por mais obscura, antidemocrática, misteriosa e mística que seja – é a troca de um pelo outro.
Infelizmente no Brasil, como em muitas outras nações católicas-apostólicas-romanas, ainda se vê o chefe do catolicismo como uma espécie de “Sua Santidade”, um equívoco.
Por que, de santo, o papa não tem absolutamente nada…