Bombardeado impiedosamente pelo grupo Brandão, quase-abandonado pelos dinistas e sem força na mídia, o vice-governador consegue, mesmo assim, figurar com índices entre 15% e 18% nas pesquisas

FORÇA PESSOAL. Felipe Camarão tem buscado na fé a resistência para enfrentar as noites mais traiçoeiras de sua trajetória política
Editorial
Pode-se classificar o vice-governador Felipe Camarão (PT) com qualquer adjetivo, bom ou ruim, e ainda assim se estará apontando apenas aspectos de sua personalidade; mas nenhuma análise de seu perfil pode ignorar sua impressionante resistência político-eleitoral.
Mesmo sem nunca ter disputado eleições, bombardeado impiedosamente pelo governo Carlos Brandão (PSB), esvaziado no PT e quase-abandonado pelos seus colegas dinistas, o vice-governador consegue, mesmo assim, manter-se relevante no cenário de 2026.
- Camarão registra entre 15% e 18% de intenções de votos em qualquer pesquisa, sob qualquer situação, e em qualquer cenário;
- nesta semana de intenso bombardeio brandonista, por exemplo, duas pesquisas deram a ele índices na casa dos dois dígitos.
A resistência do petista é ainda mais impressionante quando se leva em conta a história dos próprios vices nos últimos 30 anos no Maranhão.
Nenhum deles, de José Reinaldo a Carlos Brandão – passando por João Alberto, Luiz Carlos Porto e Washington Oliveira – apanhou tanto quanto apanha neste momento o vice-governador dinista.
E nenhum destes registrava nesta mesma época pré-eleitoral o que Camarão registra neste período de 2025;
- nesta mesma época de 2021, o então vice, Brandão, tinha menos de 5% de intenções de votos;
- no caso de José Reinaldo Tavares, em 2001, nessa época ele sequer aparecia como candidato.
Felipe Camarão é dos aliados do ex-governador Flávio Dino um dos mais preparados, ao lado de outros nomes com o mesmo potencial; mas nenhum destes, porém, é tão envolvente e tão carismático quanto ele.
Talvez este perfil explique o seu incrível “recall ” nas pesquisas, resultado não de eleições anteriores – em que ele nunca esteve – mas de sua presença pessoal na campanha do próprio Carlos Brandão e dos sete anos à frente da Secretaria de Educação.
Está claro o objetivo da base governista e do Palácio dos Leões, de emparedar Camarão a ponto de forçá-lo a desistir de assumir o governo em 2026, abrindo espaço para o projeto do governador.
Mas, suportando ou não a pancadaria, seu cacife eleitoral já estará consolidado.
Para 2026, 2028 ou mesmo de lá para frente…