Ex-presidente voltou a falar de uma investigação sigilosa sobre supostos ataques hackers às urnas eletrônicas – que ele mesmo vazou – na tentativa de criar tumulto após o STF acatar as denúncias de golpe de estado

BOLSONARO SENDO BOLSONARO. O estilo vítima foi abandonado pelo ex-presidente, que voltou a atacar tudo e a todos após ser tornado réu no STF
Em surto, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) reuniu jornalistas em Brasília, nesta quarta-feira, 26 – logo após o Supremo Tribunal Federal torná-lo réu por crimes contra o Estado de Direito -, para o que seria uma coletiva de imprensa, mas que se transformou em um monólogo.
- por cerca de 1 hora, Bolsonaro voltou a ser o mesmo Bolsonaro de sempre;
- entre as teorias da conspiração, ele voltou a citar o Inquérito nº 1361/2018.
“As pessoas devem ter percebido, da forma tão incisiva como o ministro Alexandre de Moraes conduz, ou se conduz, é algo esquisito por aí. O que ele quer esconder? Apenas o Inquérito 1361? Eu digo, que é [para esconder o inquérito] 1361, é 99%. Mas vamos lá: houve interferência no TSE nas eleições de 22 ou não? Não vamos falar em fraude, possível fraude aqui, esqueçam. 100% confiável as urnas? Mas vamos abrir o inquérito 1361. Durante as eleições de 22, o TSE influenciou, jogou pesado contra eu (sic) e a favor do candidato Lula”, desabafou o ex-presidente.
- Mas o que é o Inquérito nº 1361/2018?
Em 2018, Bolsonaro botou na cabeça que havia vencido o então candidato do PT, Fernando Haddad, ainda em primeiro turno, mas a Justiça Eleitoral, segundo ele, manipulara as urnas para forçar o segundo turno, ocasião em que declararam sua eleição.
Para sustentar sua tese, o ex-presidente vazou uma investigação sigilosa do Tribunal Superior Eleitoral sobre tentativas de invasão hacker no sistema eleitoral, o que ocorre em toda eleição sem nenhum risco à urna.
- em 2021, o próprio Bolsonaro passou a ser investigado por ter vazado o inquérito de 2018 – que não encontrou qualquer indício de fraude nas urnas;
- em junho de 2023, o ex-presidente foi tornado inelegível por ter cometido crime eleitoral ao reunir embaixadores e levantar suspeitas sobre as urnas;
- em 25 de novembro do ano passado, quando foi indiciado pela trama golpista de 2022, Bolsonaro voltou a citar o Inquérito 1361, das eleições de 2018.
“O questionamento do sistema eleitoral sempre foi usado pelo ex-presidente como bandeira política e acabou lhe custando a elegibilidade, pois, em junho de 2023, a Justiça Eleitoral o condenou pelos ataques feitos às urnas perante embaixadores do mundo todo em uma reunião no Palácio do Planalto”, contou a revista Veja, à época. (Leia aqui)
Exatos quatro meses depois – agora já como réu no STF – o ex-presidente volta a falar do tal Inquérito 1361, em meio a uma série de falas desconexas, surtado que estava com a decisão da Suprema Corte nesta quarta-feira, 26.
É Bolsonaro voltando a ser Bolsonaro…