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Temas relacionados a Bolsonaro viram viram assunto do Twitter no Carnaval..

Primeiro presidente do mundo a ser censurado pela rede social aparece nos cinco primeiros assuntos mais comentados, sempre em posição negativa

 

Censurado pelo Twitter, após publicar vídeo com conteúdo considerado ofensivo, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) é o personagem dos principais assuntos da rede social durante o carnaval.

E sempre com destaque para seus aspectos mais negativos.

Bolsonaro apareceu na quarta-feira, 6, listado nos quatro assuntos do momento. (Veja print acima)

As hashtags “ImpeachmentBolsorano”, “Vergonhadessepresidente”, Goldenshowerpresident” e “Bolsonarovaitomar no…” lideraram os assuntos da rede social durante toda a quarta-feira, 6.

Bolsonaro é o primeiro presidente do mundo a ser censurado no Twitter.

E o primeiro a liderar tópicos negativos em todo o planeta.

Resultado direto do que o Brasil quis fazer em 2018…

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Márcio Jerry convoca general Heleno para explicar monitoramento de bispos…

Deputado federal maranhense entende como espionagem as atividades da Agência Brasileira de Inteligência contra representantes da Igreja Católica tidos como progressistas e de esquerda

 

Márcio quer investigar espionagem do governo na igreja católica

O deputado federal Márcio Jerry (PCdoB) protocolou na Câmara Federal requerimento de convocação do general Augusto Heleno, ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional da presidência da República.

Jerry vê sinais de espionagem do governo Jair Bolsonaro (PSL) contra bispos católicos tidos como “progressistas” e “de esquerda” pela Agência Brasileira de Investigação (Abin).

A investigação do governo Bolsonaro contra bispos católicos foi revelada no domingo, 10, pelo jornal O Estado de S. Paulo.

De acordo com a reportagem, a atuação da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e de órgãos católicos associados, como o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) e as pastorais Carcerária e da Terra são vistas como “ameaças comunistas” por Bolsonaro e seus ministros militares.

Um dos alvos do governo é o Sinodo sobre a Amazônia, que será realizado em outubro, no Vaticano.

Curiosamente, Márcio Jerry, que pede a convocação do general Heleno, é o mesmo que compunha o governo Flávio Dino, em 2018, quando ordens do comando-geral da PMMA determinou o monitoramento de “adversários do governador Flávio Dino que pudessem criar embaraços nas eleições de 2018”. (Relembre aqui, aqui e aqui)

De qualquer forma, a participação do deputado no governo comunista do Maranhão – que tentou espionar adversários – não inviabiliza sua preocupação com a espionagem bolsonarista na Igreja Católica.

Caberá à Mesa Diretora da Câmara dos Deputados definir a convocação e a data da audiência com o general Heleno…

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O projeto nacional de Flávio Dino…

Governador comunista está decidido a polarizar o debate político com o presidente Jair Bolsonaro, de olho na herança do espólio político de Lula e das esquerdas nas eleições de 2022

 

Flávio Dino em seu discurso de posse para o segundo mandato; projeto nacional em 2022

Muita gente aponta que o governador Flávio Dino (PCdoB) será o dono da vaga de senador a ser aberta em 2022 e que hoje é ocupada pelo tucano Roberto Rocha.

Mas o próprio Flávio Dino já cogita outra perspectiva eleitoral após deixar o mandato – se conseguir concluí-lo, é claro.

O comunista maranhense está mesmo empenhado em polarizar o debate político-ideológico com o presidente Jair Bolsonaro (PSL).

E está conseguindo, a despeito do que tenta passar a mídia adversária.

Aos poucos, o comunista maranhense vai se imiscuindo no debate sobre o governo Bolsonaro, ocupando espaços – ainda que tímidos – em emissoras de TV, jornais e sites de notícias.

Flávio Dino quer seguir o caminho de Sarney e chegar à presidência da República

Dino tem a  seu favor o fato de a oposição a Bolsonaro estar pulverizada e sem lugar de fala; e também conta com o desgaste precocemente acentuado do presidente, com apenas 23 dias de mandato.

Representante da esquerda nacional – e único entre os líderes de PDT, PT, PSB e PCdoB com espaço de poder garantido até 2022 – Dino só ficará fora do embate na sucessão de Bolsonaro se tiver uma de suas ações eleitorais julgadas antes disto.

Aí, neste caso, ele ficará, fatalmente, inelegível.

Mas esta é uma outra história…

Leia também:

Flávio Dino atribui interesses políticos às ações de Sérgio Moro…

Roberto Rocha e Flávio Dino oito anos depois…

Flávio Dino e o sonho de ser Sarney…

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Governo Bolsonaro vai tomar de Flávio Dino controle do Porto do Itaqui…

Saques feitos pelo governo comunista na conta da Emap – considerados irregulares pela Antaq – levou à decisão de nomear um agente federal para o comando do setor no Maranhão

 

Flávio Dino deve perder o controle do Porto do Itaqui após saques proibidos pela Antaq

Como antecipou o blog Marco Aurélio D’Eça ainda em dezembro, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) já tem definida a nova direção do Porto do Itaqui em seu governo.

Bolsonaro decidiu retomar o controle do porto depois que a Agência nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) considerou irregulares os saques que o governo Flávio Dino (PCdoB) promoveu nas contas da  Empresa Maranhense de Administração Portuária (Emap), responsável pela gestão do setor no estado.

Para comandar o Porto do Itaqui já está certo um oficial graduado da Marinha, que montará sua equipe com outros militares.

A decisão de retomar o porto ainda não foi comunicada oficialmente ao governo comunista.

Mas ela já está tomada…

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“Brincadeira de péssimo gosto”, dizem homens que ofenderam nordestinos..

Em vídeo que se espalhou na internet, Lucas Paolinelli Campos e Vinícius Silveira Raposo avaliaram que a vitória de Bolsonaro para presidente seria um passo para enquadrar nordestinos e nortistas

 

Os dois homens que ofenderam nordestinos pediram desculpas, mas devem ser investigados

Após polêmica nacional de um vídeo que eles mesmos espalharam na internet, o empresário Lucas Paolinelli Campos e o médico veterinário Vinícius Silveira Raposo divulgaram nota de retratação pública por ofensas ao Norte e Nordeste.

No vídeo, Paolinelli, que estava com um terceiro rapaz, ainda não identificado, diz que, após a vitória de Jair Bolsonaro, não precisaria mais “suportar esse pessoal do Acre, de Roraima, esse pessoal do Norte”.

Raposo, por sua vez, completou dizendo que “essa galera do Nordeste tem que parar de gastar o dinheiro que o Sudeste produz”. (Veja aqui o vídeo completo)

Na nota, os dois homens tentam justificar que o vídeo tratou-se de “uma brincadeira privada”. Mas reconhecem que o ato foi “infeliz e de péssimo gosto”.

– Aludido vídeo foi gravado em uma roda de amigos, e visava uma brincadeira privada, brincadeira essa que, reconhecemos ser infeliz e de péssimo gosto. Veiculada de forma contextualizada, tomou proporções inimagináveis, motivo pelo qual, de pronto, a rechaçamos e manifestamos total retratação – escreveram.

Lucas Paolinelli Campos é sócio da empresa mineira Ramos e Campos Importação e Exportação Ltda, conhecida como Primus Gemstones.

Vinícius Silveira Raposo, de acordo com o site Pragmatismo Político, é professor universitário, formado em medicina veterinária e integrante da Connect Horse, uma empresa de treinamento de cavalos.

Mesmo após as desculpas, os dois devem ser investigados por xenofobia…

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Bolsonaro é orientado por aliados a não comentar demandas econômicas de seu Governo

De acordo com pessoas próximas, presidente deverá remeter dúvidas e demandas diretamente para os técnicos de área, em especial, o ministro da Economia, Paulo Guedes.

Presidente recebeu uma espécie de “Por que não te calas” dos próximos aliados

Por aliados, o presidente eleito  Jair Bolsonaro (PSL) foi orientado a não mais tecer comentários acerca de assuntos políticos. A informação é do portal G1. De acordo com o veículo, o presidente deverá remeter dúvidas e demandas diretamente para os técnicos da área, em especial, o ministro da Economia, Paulo Guedes.

A orientação ao titular do Executivo vem horas após às idas e vindas do Governo na última sexta-feira (4), quando um ruído entre Bolsonaro e interlocutores causou grande repercussão no mercado. O presidente chegou a declarar que assuntos como o IOF seriam analisados e que o imposto, por exemplo, seria reajustado. Imediatamente, o staff do presidente tratou de desmentir a informação.

Outra declaração polêmica do presidente foi sobre a reforma da Previdência. Bolsonaro chegou a cogitar a revisão da idade mínima para a aposentadoria. No entanto, pessoas próximas entendem que, com o posicionamento, o presidente entrou em confronto com sua equipe técnica, que entende que a matéria que está no Congresso em análise e que prevê outro mínimo de idade para aposentadoria é o mais apropriado para análise. 

A comunicação governamental, aliás, está tão em xeque que o Twitter oficial do presidente passará a partir de hoje a ser administrado pela nova equipe de comunicação do Governo.

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Haddad chama Bolsonaro para debate e rebate críticas do atual presidente com cordialidade

Candidato petista nas últimas eleições foi novamente provocado pelo líder do Governo nas redes sociais. Em vez de colocar querosene na discussão, Haddad devolveu críticas com cordialidade e chamou para enfrentamento no campo das ideias.

 

Em vez de devolver no nível baixo de Bolsonaro, Haddad como homem de grande personalidade devolveu com gentileza e chamou para debate

O presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL), que ainda parece não ter largado as vestes de candidato, usou nas últimas horas as suas redes sociais para provocar adversários. Desta vez, o alvo foi Fernando Haddad (PT). Para surpresa bolsonarista que, com sua personalidade,  está  somente acostumado a lidar com truculência, Haddad – por sua vez – devolveu a provocação grosseira com gentileza e chamou Bolsonaro para um debate no campo das ideias. 

Haddad, inclusive, citou um veículo importante internacional em seu Twitter para destacar a péssima imagem lá fora que, até o momento, o governo bolsonaro construiu. Indiretamente, Haddad passou o seguinte recado ao presidente: preocupe-se com o seu governo e foque no que realmente interessa, ou seja, a garantia de medidas favoráveis à população.

O início do governo Bolsonaro, aliás, é um verdadeiro desastre. Discursos desconexos, exposição excessiva de auxiliares, declarações sem pé nem cabeça de ministros. 

Estes quatro anos serão longos para a população brasileira…

 

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Artigo: O homem mediano assume o poder; uma análise sobre o novo presidente

O que significa transformar o ordinário em “mito” e dar a ele o Governo do país?

Por Eliane Brum

Desde 1 de janeiro de 2019, o Brasil tem como presidente um personagem que jamais havia ocupado o poder pelo voto. Jair Bolsonaro é o homem que nem pertence às elites nem fez nada de excepcional. Esse homem mediano representa uma ampla camada de brasileiros. É necessário aceitar o desafio de entender o que ele faz ali. E com que segmentos da sociedade brasileira se aliou para desenhar um Governo que une forças distintas que vão disputar a hegemonia. Embora existam várias propostas e símbolos do passado na eleição do novo presidente, a configuração encarnada por Bolsonaro é inédita. Neste sentido, ele é uma novidade. Mesmo que seja uma difícil de engolir para a maioria dos brasileiros que não votou nele, escolhendo o candidato oposto ou votando branco, nulo ou simplesmente não comparecendo às urnas. Bolsonaro encarna também o primeiro presidente de extrema direita da democracia brasileira. O “coiso” está no poder. O que significa?

Quando Luiz Inácio Lula da Silva chegou ao Palácio do Planalto pela primeira vez, na eleição de 2002, depois de três derrotas consecutivas, foi um marco histórico. Quem testemunhou o comício da vitória na Avenida Paulista, tendo votado ou não em Lula, compreendeu que naquele momento se riscava o chão do Brasil. Não haveria volta. Pela primeira vez um operário, um líder sindical, um homem que fez com a família a peregrinação clássica do sertão seco do Nordeste para a industrializada São Paulo de concreto, alcançava o poder. Alguém com o “DNA do Brasil”, como diria sua biógrafa, a historiadora Denise Paraná.

O Lula que conquistou o poder pelo voto era excepcional. “Homem do povo”, sem dúvida, mas excepcional. Um líder brilhante, que comandou as greves do ABC Paulista no final da ditadura militar (1964-1985) e se tornou a figura central do novo Partido dos Trabalhadores criado para disputar a democracia que retornava depois de 21 anos de ditadura. Independentemente da opinião que cada um possa ter dele hoje, é preciso aceitar os fatos: quantos homens com a trajetória de Lula se tornaram Lula?

Lula era o melhor entre os seus, o melhor entre aqueles que os brancos do Sul discriminavam com a pecha de “cabeça chata”. Se sua origem e percurso levavam uma enorme novidade ao poder central de um dos países mais desiguais do mundo, a ideia de que aquele que é considerado o melhor deve ser o escolhido para governar atravessa a política e o conceito de democracia. Não se escolhe um qualquer para comandar o país, mas aquele ou aquela em que se enxergam qualidades que o tornam capaz de realizar a esperança da maioria. Neste sentido, não havia novidade. Quando parte das elites se sentiu pressionada a dividir o poder (para manter o poder), e depois da Carta ao Povo Brasileiro assinada por Lula garantindo a continuidade da política econômica, era o excepcional que chegava ao Planalto pelo voto.

O que a chegada de Lula ao poder fez pelo Brasil e como influenciou o imaginário e a mentalidade dos brasileiros é algo que merece todos os esforços de pesquisa e análise para que se alcance a justa dimensão. Mas grande parte já foi assimilada por quem viveu esses tempos. Os efeitos do que Lula representou apenas por chegar lá sequer são percebidos por muitos porque já foram incorporados. Já estão. Como disse uma vez o historiador Nicolau Sevcenko (1952-2014), em outro contexto: “Há coisas que não devemos perguntar o que farão por nós. Elas Já fizeram”.

Marina Silva, derrotada nas últimas três eleições consecutivas, em cada uma delas perdendo uma fatia maior de capital eleitoral, seria outra representante inédita de uma parcela da população que nunca ocupou a cadeira mais importante da República. Diferentemente de Lula, como já escrevi neste espaço, Marina encarna um outro amplo segmento de brasileiros, muito mais invisível, representado pelos povos da floresta. Carrega no corpo alquebrado por contaminações e também por doenças que já não deveriam existir no Brasil uma experiência de vida totalmente diversa de alguém como Lula e outros pobres urbanos. Mas este é o passado de Marina.

A mulher negra, que se alfabetizou aos 16 anos e trabalhou como empregada doméstica depois de deixar o seringal na floresta amazônica, empreendeu uma busca pelo conhecimento acadêmico e hoje fala mais como uma intelectual da universidade do que como uma intelectual da floresta. Também deixou a Igreja Católica ligada à Teologia da Libertação para se converter numa evangélica genuína, daquelas que vivem a religião no cotidiano em vez de instrumentalizá-la nas eleições, como tantos pastores neopentecostais. Se Marina tivesse conseguido chegar ao poder, ela representaria toda essa complexa trajetória, mas também encarnaria uma excepcionalidade entre os seus. Quantas mulheres com o percurso de Marina se tornaram Marina?

Jair Bolsonaro, filho de um dentista prático do interior paulista, oriundo de uma família que poderia ser definida como de classe média baixa, não é representante apenas de um estrato social. Ele representa mais uma visão de mundo. Não há nada de excepcional nele. Cada um de nós conheceu vários Jair Bolsonaro na vida. Ou tem um Jair Bolsonaro na família.

Durante as várias fases republicanas do Brasil, a candidatura e os candidatos foram acertos das elites que disputavam o poder – ou resultado de uma disputa entre elas. O mais popular presidente do Brasil do século 20, Getúlio Vargas (1882-1954), que em parte de sua trajetória política foi também um ditador, era um estancieiro, filho da elite gaúcha. Ainda que tenha havido alguns presidentes apenas medianos durante a República, eram por regra homens oriundos de algum tipo de elite e alicerçados por ela.

Lula foi exceção. E Bolsonaro é exceção. Mas representam opostos. Não apenas por um ser de centro esquerda e outro de extrema direita. Mas porque Bolsonaro rompe com a ideia da excepcionalidade. Em vez de votar naquele que reconhecem como detentor de qualidades superiores, que o tornariam apto a governar, quase 58 milhões de brasileiros escolheram um homem parecido com seu tio ou primo. Ou consigo mesmos.

Essa disposição dos eleitores foi bastante explorada pela bem sucedida campanha eleitoral de Bolsonaro, que apostou na vida “comum”, falseando o cotidiano prosaico, o improviso e a gambiarra nas comunicações do candidato com seus eleitores pelas redes sociais. Bolsonaro não deveria parecer melhor, mas igual. Não deveria parecer excepcional, mas “comum”.

A mesma estratégia foi mantida depois de eleito, como a mesa bagunçada de café da manhã com que recebeu John Bolton, o conselheiro de Segurança Nacional do presidente americano Donald Trump. Neste sentido, Bolsonaro jamais pode ser considerado o “Trump brasileiro”. Trump, além pertencer a uma parcela muito particular das elites americanas, tem uma trajetória de destaque. Bolsonaro não. Como militar, ele só se notabilizou por quebrar as regras ao dar uma entrevista para a revista Veja reclamando do valor dos soldos. Como parlamentar por quase três décadas, conseguiu aprovar apenas dois projetos de lei. Era mais conhecido como personagem burlesco e criador de caso.

Quando Tiririca foi eleito, por exemplo, sua grande votação foi interpretada como a prova de que era necessária uma reforma política urgente. Mas Tiririca foi um grande palhaço. Num mundo difícil para a profissão desde a decadência dos circos, Tiririca conseguiu encontrar um caminho na TV, fazer seu nome e ganhar a vida. Não é pouco.

Bolsonaro não. O grande achado foi se eleger deputado e conseguir continuar se elegendo deputado. Em seguida, colocar todos os filhos no caminho dessa profissão altamente rentável e com muitos privilégios. A “família” Bolsonaro tornou-se um clã de políticos profissionais que, nesta eleição, conseguiu um número assombroso de votos. Mas não pela excepcionalidade de seus projetos e ideias.

O novo presidente do Brasil passou quase três décadas como um político daquilo que no Congresso brasileiro se chama “baixo clero”, grupo que faz volume mas não detém influência nem arquiteta as grandes decisões. A alcunha é uma alusão injusta ao clero religioso que faz o trabalho de formiguinha, o mais difícil e persistente, seguidamente perigoso, no mundo das igrejas. O próprio Bolsonaro já comentou que não tinha prestígio. Quando disputou a presidência da Câmara, em 2017, só obteve quatro votos dos mais de 500 possíveis. “Eu não sou ninguém aqui”, afirmou em um discurso no plenário, em 2011.

Os deputados do “baixo clero” do Congresso descobriram a sua força nos últimos anos e também como podem se locupletar unindo-se e fazendo número a favor dos interesses que lhes beneficiam. Ou simplesmente chantageando com o seu voto. Bolsonaro é dessa estirpe. Se ocupava um lugar no Congresso, era o de bufão. Até um ano atrás poucos acreditavam que poderia se eleger presidente. Parecia impossível que alguém que dizia as barbaridades que ele dizia poderia ser escolhido para o cargo máximo do país.

O que se deixou de perceber é que quase todos tinham um tio ou um primo exatamente como Bolsonaro. Logo essa evidência ficou clara nos almoços de domingo ou nas datas festivas da família. Mas ainda assim parecia apenas uma continuação do que as redes sociais já tinham antecipado, ao revelar o que realmente pensavam pessoas que até então pareciam razoáveis. Deixou-se de enxergar, talvez por negação, o quanto esse contingente de pessoas era numeroso. Os preconceitos e os ressentimentos recalcados em nome da convivência eram agora liberados e fortalecidos pelo comportamento de grupo das bolhas da internet. As redes sociais permitiram “desrecalcar” os recalcados, fenômeno que tanto beneficiou Bolsonaro.

Os gritos das pessoas que ocuparam o gramado da Esplanada dos Ministérios, em Brasília, foram a parte mais reveladora da posse de Bolsonaro, em 1o de Janeiro. Eufórica, a massa berrava: “WhatsApp! WhatsApp! Facebook! Facebook!”. Quem quiser compreender esse momento histórico terá que passar anos dedicado a analisar a profundidade contida no fato de eleitores berrarem o nome de um aplicativo e de uma rede social da internet, ambos de Mark Zuckerberg, na posse de um presidente que as elegeu como um canal direto com a população e deu a isso o nome de democracia.

Bolsonaro representa, sim – e muito – um tipo de brasileiro que se sentia acuado há bastante tempo. E particularmente nos últimos anos. E que estava dentro de cada família, quando não era a família inteira. Todas as famílias gostam de se pensar como diferentes – ou, pelo menos, melhores (ou piores, conforme o ponto de vista) que as outras. A experiência de um confronto político determinado pelos afetos – ódio, amor etc – nestas eleições deixou marcas profundas.

 

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E cadê o Queiroz? Ao pregar o novo, Bolsonaro cai na “velha política”

Se há algum tempo, Bolsonaro condenava práticas arcaicas da política, agora no poder, recorre ao famoso jogo de concessões para consolidar sua rede de apoio e, desta maneira, obter êxito na aprovação de seus projetos.

Bolsonaro, que condenou por tantas vezes velhas práticas na política, recorre a elas para poder governar

Enquanto a mídia, em especial, se preocupou muito mais nas últimas horas em saber se “meninos devem vestir somente azul e meninas somente rosa”, outras questões importantes relacionadas ao governo Bolsonaro estão passando ao vento. Uma delas, e bem mais importante é: onde estará Queiroz? Assessor ligado à Bolsonaro e seus filhos continua recluso e atual gestão federal – que vocifera discursos pautados na honestidade – até o momento não fez questão de explicar as movimentações financeiras suspeitas e colocadas em seu nome. 

Nos bastidores, Bolsonaro – ciente de que matérias importantes como a reforma da Previdência são fundamentais para engrenar seu mandato – fez negociações. A mais fundamental delas foi apoiar – através de seu partido – a eleição de Rodrigo Maia (DEM) na presidência da Câmara dos Deputados. A parceria minou o projeto, até então bem-sucedido – da oposição de ampliar lideranças no Parlamento.

O apoio à Maia pelo PSL não é a toa e está ligado a concessões de favores e benefícios, justamente o que Bolsonaro e seus eleitores mais condenaram na campanha partidária. E a “velha política” deverá permanecer nos ombros bolsonaristas nos próximos meses.

É esperar para ver…

 

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Imagem do dia: A “despetização” comandada por Bolsonaro em seu governo

Desde que assumiu, o atual presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL), não fez questão de esconder o seu discurso pautado no ódio à ideologia socialista e às opiniões contrárias. Gestão somente evidencia sua intolerância.

Gestores do Palácio do Alvorada, em Brasília, trocaram as cadeiras vermelhas (PT) por azuis. É a “democracia” bolsonarista no termo mais grave da expressão (Foto: Daniel Marenco/ Agência O Globo)