Réu confesso de tentativa de golpe de estado, ex-presidente força a barra contra o STF ao incitar militantes a desqualificar as decisões judiciais e provocar instabilidade política, condições mínimas para ser levado à cadeia

CAMINHANDO PRA CADEIA. Bolsonaro força para ser evado à prisão; acha que vai virar mártir, mas pode passar mais tempo do espera atrás das grades
Editorial
O ex-presidente Jair Bolsonaro é um réu confesso do crime de tentativa de golpe de estado; ele fez a confissão horas depois de ser tornado réu no Supremo Tribunal Federal, ao declarar que recebeu – e imprimiu, sim – a minuta do golpe de estado, em 2023.
“Quando fizeram a terceira busca e apreensão [em seus endereços], a imprensa anunciou: encontraram a minuta de golpe… Sim, porque eu havia requerido, meu advogado havia requerido, mandou pra mim, eu imprimi. Eu queria saber o que era isso“, disse o presidente, no dia 26 de março, logo após ser tornado réu, por unanimidade.
- e como réu de um crime grave, que pode levar a até 40 anos de cadeia, Bolsonaro precisa preencher condições para estar solto;
- ao incitar militantes por anistia, desqualificar a decisão judicial e insistir em questionar o sistema, ele descumpre essas condições.
E é exatamente essa quebra de condições para circular livremente que os advogados Liana Cristina da Costa Cirne Lins e Victor Fialho Pedrosa argumentam na petição por sua prisão; detalhe: o pedido dos dois advogados é anterior até mesmo ao julgamento do ex-presidente, e foi encaminhado à Procuradoria-Geral da República em 19 de março.
“Os chamamentos públicos feitos por Jair Messias Bolsonaro [nos dias 9, 10 e 14 de março] não apenas visam mobilizar sua base política para pressionar o Estado por anistia aos envolvidos nos ataques de 8 de janeiro de 2023, mas também busca deslegitimar o trabalho do Poder Judiciário e das forças de segurança que atuam na investigação e responsabilização dos envolvidos, inclusive chamando os condenados atualmente detidos de ‘reféns de 8/jan’, em óbvia inflamação de sua base de apoiadores contra os julgamentos ocorridos”, alertaram os advogados.
- mas as incitações de Bolsonaro continuaram mesmo após o julgamento do dia 26 de março;
- a participação dele em atos contra o STF é, portanto, uma afronta à decisão do Supremo.
Bolsonaro mostra claramente que provoca o Judiciário ao forçar sua prisão.
Se ele quer mesmo ser preso, então que seu desejo seja atendido.
É simples assim…