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O fim do exílio do Palácio dos Leões…

Após oito anos de governo comunista, período em que autoridades e personalidades da política maranhense sentiam-se banidas, o governador Carlos Brandão “reabriu” as portas e deu novo ar de receptividade e acolhimento a quem chega à sede do Poder Executivo, atraindo gente que sequer sentia-se bem em passar pela Praça Dom Pedro II

 

O ex-presidente José Sarney passou quase uma década sem entrar no Palácio dos Leões, “exílio” que foi suspenso pelo governador Carlos Brandão

Ensaio

No início de janeiro, o titular do blog Marco Aurélio d’Eça teve aprovada a sua primeira credencial, em oito anos, para uma cobertura no Palácio dos Leões.

– Quero agradecê-lo, governador, por ter me tirado do exílio. Há oito anos eu estava banido do Palácio dos Leões, não podia sequer passar na praça que corria o risco de ser perseguido. Agora, chego aqui e o clima é outro; me sinto em casa e acolhido – disse o jornalista, durante a coletiva de imprensa para transmissão do cargo ao governador Carlos Brandão (PSB).

A declaração virou símbolo da liberdade de ir e vir que o Palácio dos Leões reviveu, após oito anos do governo comunista de Flávio Dino (PSB), período em que nem todo maranhense era bem vindo à sede do governo – e alguns eram, de fato, até banidos pelas circunstâncias.

Um dos méritos de Carlos Brandão foi reabrir o palácio aos maranhenses. Todos os maranhenses.

 

Nelma Sarney com Brandão e a colega desembargadora Ângela Salazar: oito anos sem entrar na sede do Poder Executivo

Por lá, desde que ele tomou posse, já passaram personalidades como o ex-presidente José Sarney, que também havia oito anos não frequentava a sede do poder, e a desembargadora Nelma Sarney – esta banida até das relações com Dino.

Obviamente que Flávio Dino não decretou oficialmente nenhuma determinação de banimento de alguém do Palácio; mas a sua própria postura autoritária e pouco afeita ao diálogo levou muitos a se afastar – a exemplo do titular do blog Marco Aurélio d’Eça, que era “proibido” até de fazer perguntas ao governador.

A imagem da desembargadora Nelma Sarney, desta sexta-feira, 3, soma-se a de José Sarney, do início do ano, como símbolos do clima de paz e acolhimento que hoje vive o Palácio dos Leões.

É um mérito, sem dúvidas, do governador Carlos Brandão…

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A arrogância elitista de Eduardo Nicolau…

Ao exibir-se em selfie na Passarela do Samba no Rio de Janeiro – após proibir as contratações nacionais das prefeituras para o carnaval no interior maranhense – procurador-geral de Justiça do Maranhão vende a imagem de que se acha acima do bem e do mal, que não precisa dar satisfações à população; e exibe a soberba dos mais indignos homens públicos

 

Nicolau exibindo-se do alto das arquibancadas da Sapucaí: testemunho de culturas outras que ele mesmo proibiu outros maranhense de conhecer

Editorial

Ex-secretário de Comunicação do Maranhão e ex-editor de Política do jornal O EstadoMaranhão, o saudoso jornalista Nilton Ornellas tinha uma frase basilar em sua vida: “perca tudo, só não perca a dignidade”.

O procurador-geral de Justiça do Maranhão, Eduardo Nicolau, quebrou o limite da dignidade ao se deixar fotografar em uma selfie em plena Marquês de Sapucaí, templo das escolas de samba do Rio de Janeiro, em plena sexta-feira de carnaval.

A foto – mais do que um homem feliz, exibindo as cores do carnaval – expõe o grau mais alto da prepotência e da arrogância de um homem público, que acha não precisar dar satisfações a ninguém em sua vida de garantias ilimitadas às custas do erário.

É claro que há outros maranhenses passando o carnaval no Rio de Janeiro, e têm todo o direito de fazê-lo; mas nenhum deles ficou marcado como Nicolau ficou nos últimos tempos exatamente por causa do carnaval.

Desde que chegou ao posto de chefe do Ministério Público, ainda no governo Flávio Dino (PSB), Eduardo Nicolau vem empreendendo uma verdadeira sanha persecutória às prefeituras maranhenses no período de Carnaval e de Festas Juninas.

Seu principal argumento é exatamente contra os gastos com atrações nacionais em desvalorização da cultura maranhenses.

Ora, o Nicolau que condena prefeituras por desfavorecer artistas locais é o mesmo que abandona o tradicional carnaval do seu estado para se esbaldar na folia carioca, testemunhando uma cultura que ele proibiu outros maranhenses de também conhecer.

O homem não perde a dignidade apenas quando em queda.

Há quem esteja, indignamente, no alto do poder…

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O jogo político de Eduardo Nicolau…

Procurador-geral de Justiça extrapola as atribuições do cargo de chefe do Ministério Público, tenta interferir nos poderes constituídos, se autoproclama “guardião de tudo e de todos” e visa a Prefeitura de São José de Ribamar, onde tem interesses eleitorais históricos

 

O chefe do Ministério Público Eduardo Nicolau: ações midiáticas e tentativas de interferir nas funções do Executivo e do Judiciário

Editorial

Nenhum outro procurador-geral de Justiça do Maranhão foi tão midiático quanto o atual Eduardo Nicolau.

Similar a ele, o Maranhão teve Fátima Travassos no governo Jackson Lago (PDT), mas esta chamava a atenção apenas pela postura histriônica, mas nunca extrapolou os limites da função de chefe do Ministério Público.

Além do histrionismo, Nicolau tenta ser mais poderoso que os chefes do Executivo, faz política aberta e demonstra um “complexo de deus” pouco visto em homens públicos da sua envergadura.

O blog Marco Aurélio d’Eça tem sido um crítico da atuação do chefe do Ministério Público por entender que ele tenta interferir no poder dos chefes dos executivos municipais e até do próprio Judiciário, onde deve ser sua atuação – como parte, não como julgador.

Em janeiro, este blog publicou o post “Eduardo Nicolau escancara posição política e já faz campanha em Ribamar…”.

Nele, o blog mostrava o jogo político de Eduardo Nicolau, que nunca escondeu o sonho de chegar à Prefeitura de São José de Ribamar.

Suas tentativas de controlar o carnaval nos municípios seriam louváveis se houvesse o mesmo peso em relação ao Governo do Estado e à Prefeitura de São Luís, mas não há.

O procurador-geral de Justiça mostra-se submisso e até torcedor público do governo Carlos Brandão (PSB), o que destoa de sua sanha controladora no interior do estado.

O atual mandato de Eduardo Nicolau termina em maio de 2024, poucos dias antes do fim do prazo para filiações partidárias aos que pretendem concorrer nas eleições municipais.

E se ele sonha em mandar e não apenas pedir, é a sua oportunidade de se submeter ao eleitor maranhense…

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Flávio Dino tenta ofuscar o brilho de Lula e quebra a primeira “Lei do Poder”…

Ministro da Justiça trabalha dia e noite para mostrar serviço em Brasília, mas chama atenção do PT e de outros aliados do presidente por estar aparecendo mais que o mestre, o que, para ele – ensina o bestseller de Robert Greene e Joost Elfers – pode ser fatal nas pretensões de chegar como opção de peso na sucessão de 2026

 

Flávio Dino está maior que Lula no cenário de Brasília; e ainda não se deu conta do risco que correr por isso

Ensaio

Ninguém duvida, no Maranhão e em Brasília, da capacidade intelectual do ministro da Justiça, Flávio Dino (PSB); culto, por vezes até erudito, ele demonstra inteligência técnica e capacidade de raciocínio lógico.

Mas sofre de um defeito comum aos gênios: falta-lhe inteligência emocional.

O livro “As 48 Leis do Poder”, de Robert Greene e Joost Elffers , virou bestseller logo após lançado, no final da década de 1990, e virou livro de cabeceira de líderes políticos, generais, capitães da indústria, CEO’s e empresários internacionais, por trazer um compêndio de ensinamentos, com base em fatos históricos, para quem quer alcançar e manter-se no topo da cadeia produtiva mundial.

De certo que Flávio Dino leu “As 48 Leis do Poder”, como também conviveu com “O Príncipe”, de Nicolau Maquiavel, e “A Arte da Guerra”, de Sun Tzu.

Mas Dino tem quebrado, logo de cara, a primeira das 48 leis do Poder: “Não Ofusque o Brilho do Mestre”.

Faça sempre com que as pessoas acima de você se sintam confortavelmente superiores. Querendo agradar ou impressionar, não exagere exibindo seus próprios talentos ou poderá conseguir o contrário: inspirar medo e insegurança. Faça com que seus mestres pareçam mais brilhantes do que são na realidade e você alcançará o ápice do poder”, ensina o enunciado da lei.

Um exemplo recente de inteligência emocional aplicada na prática do poder tem sido vista na campanha e na pós-campanha eleitoral de 2022 no Maranhão envolvendo o próprio Flávio Dino e seu candidato e sucessor, o atual governador Carlos Brandão (PSB).

Brandão pode não ser tão brilhante nas letras quanto Dino, mas tem a inteligência emocional da qual carece o ministro.

No auge da tensão pela decisão de Dino sobre o seu candidato a governador – que deveria ser lógica – Brandão soube suportar todo tipo de pressão; vencedor do pleito, enfrenta, na montagem do novo governo, a mesma pressão, fazendo Flávio Dino parecer mais brilhante do que é.

Brandão não ofusca o brilho do mestre – chama-o de “nosso líder” quando tinha razões para vê-lo como tirano – e segue costurando seu governo do jeito que entende.

A história recente do PT e do próprio grupo do presidente Lula também mostra o resultado drástico de se ofuscar o brilho do mestre.

Em 2003, quando Lula venceu pela primeira vez, o então ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, transformou-se no todo-poderoso de Brasília; contam os bastidores do partido que Dirceu é, na verdade, a mente por trás de Lula, detentor das mais diversas habilidades intelectuais para manipular cordas, construir cenários e transformar realidades.

E Dirceu nos anos 2000, tinha uma vantagem que Flávio Dino não tem agora: ele era filiado, fundador e construtor do que o PT é. Seria, naturalmente, portanto, o sucessor de Lula nas eleições de 2006 ou 2010.

Nos primeiros dois anos de governo, Dirceu tinha mais capas de Veja que o próprio Lula.

Ele ofuscou o brilho de Lula no Planalto, diante do PT, atraiu a desconfiança de outros partidos, provocou a mídia e acabou caindo; Hoje, Dirceu é um arremedo do que foi na construção de Lula, condenado por corrupção e caminhando por aí graças a recursos jurídicos.

Há uma estatística de bastidores usada pelos petistas para medir quem eles entendem estar brilhando mais que o necessário e atrapalhando os jogos de poder em Brasília.

Esta estatística diz que, no primeiro mês de governo Lula, Flávio Dino apareceu duas vezes mais que o próprio presidente no Jornal Nacional, da Rede Globo, exemplo maior da exposição pública no Brasil.

Entendem os petistas que o brilho do mestre está ofuscado.

E Dino pode pagar caro por isso…

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Janeiro Branco e conscientização da busca pela saúde mental durante todo o ano

Por Fábio Macedo 

Sempre fazemos planos para o começo do ano, traçamos metas profissionais, prometemos cuidar do corpo, fazer mais exercícios físicos e nos alimentar bem. Mas, dentro de todos esses planos, tem um que sempre deixamos um pouco de lado, que é a nossa saúde e bem estar mental e emocional. Precisamos nos sensibilizar que para realizar todos os outros objetivos, a saúde mental precisa ser prioridade. 
O Janeiro Branco, nos dá a perspectiva de que precisamos começar o ano cuidando da nossa mente e corações e estender esse cuidado ao longo de todos os meses.

O Brasil é o país mais ansioso do mundo, segundo dados levantados pela Organização Mundial de Saúde ( OMS) e Organização Pan-americana de Saúde (OPAS), tendo cerca 19,4 milhões de pessoas com ansiedade, o que representa 9,3% da população. Além disso, está em 5° lugar no ranking de depressão mundial, com cerca de 5,8% da população sofrendo com a doença, num total de 11,5 milhões de casos. 

Ainda trazendo mais dados, é certo afirmar que tivemos aumentos expressivos, nos casos de depressão e ansiedade durante a Pandemia da Covid-19. Uma pesquisa realizada em 2021 pela Universidade de São Paulo(USP), mostrou que o Brasil registrou 63% de casos de ansiedade e 59% de depressão.

Nossos grandes índices de desigualdades sociais, a insegurança alimentar, a falta de emprego e as violências atribuídas, principalmente, contra minorias e pessoas em vulnerabilidade social, contribuem ainda mais com esses dados alarmantes sobre doenças mentais e emocionais. 

Por todo esse panorama, meu compromisso como deputado federal, é lutar por mais políticas públicas de saúde mental para a nossa população. É preciso fortalecer a nível nacional toda a cadeia que envolve a Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), urge um orçamento robusto para financiar hospitais psiquiátricos e ambulatórios de atendimento . 

Outra frente que precisa ser levada em extrema consideração é a prevenção com campanhas de conscientização e sensibilização dos casos. A saúde mental precisa fazer parte dos diálogos diários das escolas, família e trabalho. 

Depressão e ansiedade não são frescura, falta de amor ou de Deus, e sim, doenças que precisam de tratamento e acompanhamento médico adequados.

Emprego, renda, lazer, educação, moradia, esporte e segurança também devem ser políticas incorporadas à saúde mental. Afinal, o bem estar que tanto prezamos, envolvem um conjunto de fatores e todos eles são direitos básicos garantidos em nossa constituição.

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“Impedir que o cidadão se defenda é covardia”, diz Joaquim Haickel sobre armas de fogo

Ex-deputado postou em suas redes sociais vídeo da invasão de uma residência por bandidos armados, ressaltou que não usa armas de fogo, mas criticou a decisão do governo de restringir o uso correto e legal do cidadão que queira se defender de ações como a mostrada no vídeo

 

O ex-deputado e ex-secretário de Estado Joaquim Nagib Haickel abriu nesta terça-feira, 24, uma discussão sobre o uso de armas de fogo pelo cidadão de bem e a restrição do governo Lula para tal uso.

O ex-deputado, que também é advogado e jornalista postou em suas redes sociais vídeo que mostra uma quadrilha invadindo uma casa e, aparentemente, sendo recebido a bala, o que fez com que fugissem.

– O estado brasileiro não está conseguindo proteger nem as sedes dos poderes da República contra uns vândalos imbecis. Impedir que o cidadão se defenda é covardia – afirmou o ex-parlamentar.

Na avaliação de Haickel – que ressalta não usar armas de foto – o cidadão que queira usar, de maneira legal e correta,  não pode ser impedido. Para o jornalista, o Estado Brasileiro não consegue proteger o cidadão e sua família.

A posição de Joaquim Haickel recebeu diversos comentários em suas redes sociais, com a maioria dos seguidores concordando com a opinião do ex-deputado.

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A confusão ideológica de Dr. Yglésio…

Ex-filiado ao PT – partido pelo qual concorreu a vereador – com passagens por PDT e PROS, deputado estadual foi reeleito pelo PSB, do ministro Flávio Dino, bandeou-se para o bolsonarismo no segundo turno, quer tornar-se referência na direita maranhense, mas não quer perder os laços com o governo lulista de Carlos Brandão

 

Dr. Yglésio faz esforço para se aproximar de Bolsonaro e da direita, mas não quer perder os laços com o governador Carlos Brandão, aliado de Lula

Análise da notícia

O deputado estadual reeleito Dr. Yglésio Moyses reclamou, e vários blogs repercutiram, de não ter sido chamado para uma reunião com os membros do PSB e o governador Carlos Brandão.

O parlamentar parece viver uma confusão ideológica mental desde o fim das eleições de 2022.

Filiado por anos ao PT, partido pelo qual concorreu a uma vaga de vereador em São Luís, teve passagens também pelo PDT, por onde tentou concorrer a prefeito; entrou no PROS para ter a vaga de candidato, mas mudou-se para o PSB na campanha pela reeleição.

Após a confirmação da reeleição, mudou radicalmente de posição, rompeu com o ministro Flávio Dino (PSB) e declarou-se bolsonarista no segundo turno presidencial, mas declarando-se, ao mesmo tempo, aliado do governador lulista Carlos Brandão (PSB).

Agora, pretende ser a referência da direita maranhense, mesmo tentando manter-se alinhado ao governo Brandão, que não o chamou para a reunião da quarta-feira, 18.

Não faz sentido algum a posição ideológico-pragmática de Yglésio.

Se ele quer ser referência da direita maranhense, precisa pagar o preço, afastando-se da base do governo Brandão, que pretende atuar diretamente com o governo Lula da Silva (PT); se não for assim, jamais terá a confiança da direita e do bolsonarismo.

E sem referência política, não pode, sequer, sonhar com a eleição municipal de 2024.

É simples assim…

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Maranhão: terra e povo abençoado….

Stenio Rezende*

O Maranhão é terra de peculiaridades! Nosso Estado, localizado especialmente numa faixa de transição chamada Meio-norte, entre o semiárido nordestino e a Amazônia é inteiramente abençoado por Deus e pela natureza. Agora neste janeiro, começo de ano coincidente a novo período político-administrativo, a estação das chuvas atinge todas as regiões maranhenses, metamorfoseando o ciclo, antecedido pelo estio.

Nossa terra é de paz. Povo bom, abençoado. Quem nos visita pensa em ficar, magnetizado pelas belezas naturais e pela hospitalidade da nossa gente. O Maranhão também é contraste, como o Brasil. As mazelas sociais, a vertente econômica e o futuro das novas gerações nos preocupam todos os dias. Mas isso não nos tira o bom ânimo da luta, da operabilidade, e das soluções criativas inspiradas em nossa cultura singular e boa índole.

Os desafios desse novo governo, não obstante a assunção dos avanços, residem no enfrentamento das adversidades que ainda entravam o nosso crescimento. Confrontá-las com destemor, competência e altivez, requer um conjunto de caracteres baseados em saudável experiência político-administrativa. Neste sentido, é perceptível e animador os bons ventos da habilidade política que ensejam concórdia e equilíbrio duradouros.

Harmonizar o levante populacional, incentivo às atividades econômicas e gestão pública eficaz representa elevada tarefa, especialmente num Estado onde exuberantes recursos naturais e admirável contingente humano devem, com a diligência exigível, aproximar estas potencialidades do incremento econômico esperado.

Felizmente, o Governo Brandão reúne as características favoráveis à harmonização dos interesses do povo do Maranhão. Sua liderança, junto a uma equipe de governo bem formada e conhecedora da nossa realidade e ao bom relacionamento com a classe política, representa a equação ideal na busca de soluções conjuntas com a sociedade, que farão evoluir o nosso desejado e harmônico desenvolvimento.

*Médico, agropecuarista, ex-deputado estadual

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Os coléricos atos antidemocráticos de 08.01.23

 

Por Ana Graziella Neiva*

Domingo, 08 de janeiro de 2023, os brasileiros foram tomados de assalto ao presenciarem em tempo real os episódios dantescos e insólitos, que foram únicos na história do nosso país.

É preciso destacar que nunca houve tamanho arroubo antidemocrático perpetrado de maneira organizada, sistematizada e simultânea contra a sede dos Três Poderes da República Federativa do Brasil: Executivo, Legislativo e Judiciário.

A selvageria dos atos praticados causou extensa depredação do patrimônio público, destruição de obras de arte de valor inestimável, destroçou símbolos relevantes da construção da mais longeva estabilidade democrática já conquistada até aqui. O vilipêndio não ficou limitado às avarias em bens materiais. O objetivo primeiro dos atos extremistas foi agredir a democracia brasileira e os princípios republicanos que sustentam a nação.

Absolutamente nada justifica as atrocidades cometidas, sobretudo, pelo terror infligido à sociedade, pelo desprezo à cúpula dos Poderes da República e pelo simbolismo destas instituições para o regime democrático. Divergências e diferenças não autorizam, sob nenhum viés, transgressão de direitos e deveres afiançados pela Constituição Brasileira.

Deve-se cravar, de arranque, uma clara premissa: os fatos ocorridos no Estado brasileiro, no dia 08 de janeiro, não possuem qualquer relação com os direitos gerais de liberdade, mencionados no preâmbulo e assegurados no artigo 5º da Constituição Federal de 1988.

Há muito, infratores se valem de pilares da estrutura democrática de nosso Estado, a exemplo das liberdades de manifestação, expressão, opinião, reunião e imprensa para delinquir, macular, esgarçar, erodir e exterminar o regime democrático de direito.

A delicadeza do enfrentamento do tema está justamente no envolvimento das liberdades – e suas diversas nuances – por serem pressupostos de uma sociedade democrática e, nesse enredo, trazer-se à cena indispensável ingrediente, qual seja, a “tolerância” que sinaliza, dentro do contexto democrático, o dever de disposição em ouvir, respeitar, conviver e coexistir com opiniões díspares.

Nos últimos tempos, face a fricção entre direitos fundamentais e o persistente tensionamento entre as funções e esferas de Poder, ganhou força e holofote nos debates acadêmicos o paradoxo da tolerância, do filósofo austro-britânico Karl Popper, considerado um dos maiores teóricos da ciência do século XX.

Encravado nesta conjuntura, cujo pano de fundo era a intolerância, em que “opiniões” incitavam o ódio, a segregação, a violência, o renomado filósofo é conduzido a se questionar: deve-se ser tolerante com os intolerantes? Em evidente réplica aos movimentos totalitários da época, Karl Popper, então, escreve o livro “A Sociedade Aberta e seus Inimigos” (originalmente publicado no ano de 1945) e cunha a ideia do “paradoxo da tolerância” para responder a citada quaestio concluindo que não, não se deve ser tolerante com a intolerância.

Explana Popper que, para ser genuinamente tolerante, a sociedade deve ser intolerante à intolerância. Apesar de paradoxal, há uma singeleza genial na construção filosófica: se há a tolerância ilimitada, grupos que propagam pensamentos intolerantes acabam pervertendo o debate público a um ponto em que ameaçam a democracia e a liberdade de expressão de outros grupos. Finaliza o raciocínio com uma verdade irruptível: a tolerância ilimitada conduz à extinção da própria tolerância.

Na toada do filósofo austro-britânico a sociedade deve “reservar o direito de não tolerar os intolerantes”. Qualquer movimento que pregue a perseguição, o ódio, a intolerância e a violência deve ser chancelado como absolutamente ilegal.

Nenhuma hermenêutica jurídica, por mais enviesada que seja, oferece guarida a quem quer que tenha participado – ativa ou passivamente – da barbárie dos atos do dia 08.01.23.

É da essência democrática a convivência respeitosa e pacífica das dissonâncias de ideias e de ideais. A diversidade é a tônica de uma sociedade plural, diversa, republicana, livre e democrática.

Como advogada é impossível manter-me silente. Afinal, antes de receber a Carteira de Identidade da Advocacia, presta-se um compromisso oficial e ético, diante do Conselho Seccional onde se requer a inscrição, em virtude de comando previsto no artigo 20, do Regulamento Geral que assim dispõe: “Prometo exercer a advocacia com dignidade e independência, observar a ética, os deveres e prerrogativas profissionais e defender a Constituição, a ordem jurídica do Estado Democrático, os direitos humanos, a justiça social, a boa aplicação das leis, a rápida administração da justiça e o aperfeiçoamento da cultura e das instituições jurídicas.”

Sem o cumprimento deste ato administrativo formal, oral, complexo, ad solemnitatem e personalíssimo, jamais um bacharel se torna advogada ou advogado.

Desde o ocorrido, uma avalanche de questões jurídicas aflora a todo instante. Elas vão desde os reflexos criminais daqueles que participaram de maneira ativa, aos que tinham o dever legal de agir em decorrência do exercício de funções públicas e se mantiveram omissos, perpassando por um debate que deverá se manter perene: a necessidade de criação de estruturas governamentais que tenham por missão a defesa do estado democrático de direito.

Com relação aos aspectos penais, os tipos cabíveis parecem ser múltiplos e poder-se-ia pensar, a princípio, nos crimes de (i) furto qualificado (artigo 155 do Código Penal); (ii) destruir, inutilizar ou deteriorar coisa pública (artigo 163, do Código Penal); (iii) dano em coisa de valor artístico, arqueológico ou histórico (artigo 165, do Código Penal); (iv) incitação ao crime (artigo 286, do Código Penal); (v) associação criminosa (artigo 288 do Código Penal); (vi) abolição violenta do Estado Democrático de Direito (artigo 359-L, do Código Penal); (vii) golpe de estado (artigo 359-M, do Código Penal); (viii) crime de sabotagem (artigo 359-R, do Código Penal), tipos instituídos na legislação por meio da Lei nº 14.197, de 1º de setembro de 2021, que revogou a Lei de Segurança Nacional, e trata de delitos que atentam contra o Estado democrático de Direito em seu sentido mais amplo; dentre outros.

A recentíssima inclusão, no Código Penal, de tipos que tenham como objetivo a proteção do Estado Democrático de Direito ratifica que esta é uma preocupação que já pairava na atmosfera brasileira se coduando, portanto, às recentes medidas tomadas pelo Ministro da Advocacia Geral da União, Jorge Messias que, tão logo nomeado, anunciou a criação da Procuradoria Nacional de Defesa da Democracia. Anteontem, dia 10 de janeiro, o Conselho Nacional do Ministério Público embalado na mesma sintonia cria – por meio de resolução – a Comissão Temporária de Defesa do Estado Democrático de Direito[2].

Neste quadrante é de se enfatizar que a Alemanha possui uma Agência de Proteção à Constituição que é tida como um mecanismo de alerta precoce da democracia. Seria o que, acertadamente, os alemães denominam de um instrumento de “democracia defensiva”. A função precípua da agência é zelar pelo regime democrático alemão, proteger seus princípios, localizar a identificar indivíduos e organizações antidemocráticos e mantê-los sob vigilância.

Considerando (i) a queda das democracias pelo mundo (no intervalo temporal de 2011 a 2022 trinta e cinco países deixaram de ser democráticos); (ii) os recentes dados publicados pelo instituto sueco V-Dem[3] de que 7 (sete) em cada 10 (dez) pessoas (5,7 bilhões) vivem sob regimes políticos considerados não plenamente democráticos; (iii) países com regimes democráticos e os com regimes autoritários quase que se equivalem (89 ante a 90[4]); (iv) que antes de uma ruptura ditatorial as democracias tendem a sofrer com as progressivas erosões e ascensão de regimes de extrema direita; a criação, consolidação e amadurecimento de organismos de governo que apresentem como missão zelar, estudar, debater, disseminar, aprofundar conhecimento e, também, identificar, mapear e agir, nos limites da lei, contra indivíduos e organizações que preguem contra o regime democrático brasileiro aparentam ser medidas urgentes, necessárias e saudáveis para que se efetive um proceso de oxigenação e assepsia da democracia brasileira

É de fundamental importância que as normas mudem para que também transmudem a face da nossa sociedade. Afinal, já dizia Martin Luther King: “nós não somos o que gostaríamos de ser. Nós não somos o que ainda iremos ser. Mas, graças a Deus, Não somos mais quem nós éramos”.

*Advogada, juíza do Tribunal Regional Eleitoral do Maranhão e Ouvidora do TRE/MA, sócia-advogada do escritório Anna Graziella Neiva Advocacia, Pós-Graduada em Direito Eleitoral, MBA em Direito Tributário, Especialista em Ciência Jurídico-Política e Direito Constitucional e Eleitoral, Membro Consultora da Comissão Especial de Eleitoral do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, membro da ABRADEP, do COPEJE e do IAB.

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No fim, venceu a democracia…

Poderes da União mostraram força e reação imediata aos ataques terroristas, as Forças Armadas mantiveram-se em seu lugar constitucional e o Brasil saiu bem mais forte do episódio de terror promovido por bolsonaristas radicais; a postura das instituições democráticas deve marcar o ocaso do movimento político criado em torno do ex-presidente, que agora se esconde fora do Brasil

 

Apesar da omissão inicial de autoridades também já punidas pela Justiça, a polícia do Distrito Federal reagiu rápido contra terroristas bolsonaristas em Brasília

Análise da notícia

Com apoio da comunidade internacional e reação imediata aos ataques terroristas deste domingo, 8, o Brasil sai maior do episódio que deve marcar o fim definitivo do bolsonarismo no Brasil.

Embora com equívocos de procedimentos anteriores ao fato e algumas batidas de cabeça, o atual governo brasileiro mostrou-se consolidado; e a reação imediata dos demais poderes – Legislativo e Judiciário – mostrou que a democracia brasileira é sólida e capaz de reação ao fascismo.

As manifestações frustradas deste domingo, 8 – com a devida reação imediata das forças de segurança e de Justiça – acentuou também a covardia do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e dos seus aliados mais próximos.

Bolsonaro passou quatro anos instigando este tipo de movimento; passou quatro anos sonhando com um golpe de estado que o mantivesse perpetuamente no poder, mas nunca teve coragem para agir.

Preferiu manipular as massas alienadas a agir por ele, primeiro em frente aos quarteis, na tentativa de convencer as Forças Armadas a evitar a posse de Lula e do PT; frustrado, agiu nos bastidores para construir o episódio de ontem.

Mas a reação internacional aos terroristas na sede do poder em Brasília levou o próprio Bolsonaro a reagir contra si mesmo, condenando os ataques nas redes sociais.

Já era tarde.

Enquanto aqui no Brasil as autoridades públicas reagiram com rigor, com ações policiais e judiciais, o mundo condenava os ataques e apontavam o seu mentor intelectual, escondido em uma mansão na Flórida (EUA).

As próprias autoridades americanas agora querem deportar o ex-presidente. 

Foi um teste para a democracia brasileira.

A desmobilização dos terroristas, com a prisão de algumas centenas que agora pagarão caro pelo ato, deve desmotivar novas ações, sobretudo se as reações judiciais e políticas alcançarem também o próprio Bolsonaro, símbolo maior deste triste período em que o Brasil mergulhou nos últimos quatro anos.

O Brasil sobreviveu, a democracia sobreviveu.

E as instituições saem ainda maiores…